Prosa Poética

De viés para a solidão

Em diagonal e quase de viés o tempo confina um
Oblíquo silêncio imaturo, desenfreado e tão inseguro
A luz ofuscada desata os nós a um breu fiel e maduro
 
De viés todos os segundos dominam uma hora prenhe e lasciva
Olhem como se esconde aquela escuridão intima e possessiva

Extra-sensorial

Um silêncio extra sensorial flui nas pétalas do tempo marginal
Qual flâmula luzidia flameja casual, acidental…tão crucial
Já amadurecida a solidão plagia um intenso sussurro quase fatal
 
Este silêncio extra sensorial ausenta-se num lamento tão factual
Nutre a derme de minh’alma derramada num harmónico desejo viral

Desânimo da natureza

O anseio das inquietações mundanas me enferme. É maldito o tornado de premissas, onde assopra as conclusões nevrálgicas do pensamento. Farfalha em nuances consideráveis, na violação das raízes da verdade. Do que adianta as escondidas mediações em meus frutos joviais, se o devaneio trágico, como praga, desola meu lavradio? Natureza-morta será a unanimidade do campo caso a ação não atue. Não deixarei os galhos quebrarem, garanto que não, mas acho tão enfadonho regar; os humanos como são, dissaboreia a apatia, feito gafanhotos que esporadicamente somem, mas retornam.

Esboroar da alma

Indomáveis brisas planam na epiderme dos silêncios
Corteses, serenos, afáveis e absurdamente formidáveis
Assim se esboroa a alma sincronizada aos desejos inenarráveis
 
Além uma gigantesca luminescência flui solitária e inimputável
Vagarosamente traveste a vida num par de segundos inexoráveis

Na mansidão da solidão

Na mansidão da solidão esfregam-se elipsoidais silêncios
Profanos, embriagados, gravitando na imponderabilidade
Do tempo sequestrado no proscênio de uma hora atazanada
 
No travesseiro da noite encosta-se esta escuridão desgrenhada
Toda ela uma miríade de (in)tranquilas preces ígneas e alucinadas

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