Prosa Poética

Apesar de tudo...

Apesar de tudo encontrei a serenidade
Dormitando entre gargalhadas que embebedavam
Aquele breve silêncio hereditário pleno de cumplicidade
 
Apesar de tudo escuto o ritmo afinado das folias latentes
Nos nossos corações quase dementes navegando além amar
Até que o mar nos afogue de amores e maresias tão proeminentes
 
Apesar de tudo rectifiquei a solidão que provinha de um
Complacente eco bêbado tão dissidente definitivamente um martírio

A invisibilidade do feliz

nas horas vagas percorro caminhos imensos onde o caminho é apenas isso, um caminho, as reflexões essas deixo-as para depois, para quando a memória e a vontade me deixarem materializá-las em palavras. enquanto percorro esses caminhos na minha secreta viagem, vou atendendo aos pormenores, aos pequenos detalhes do quotidiano, porque tudo é viagem, tudo é estar no ser. atenho-me em cada ponto do horizonte inacabado, e encontro o sacramental, o sagrado, o profano, a viragem do meu azimute.

O Poeta

O Poeta
 

O poeta nunca desiste,
Porque mesmo por vezes triste,
Ele liberta em palavras
Como se fossem as suas armas.
Numa pura alegria das rimas
Com as quais animas
Ou com a emoção dos versos
Que vão aos sentimentos submersos
Da tristeza poética,
Que por vezes torna romântica
Num jogo simplesmente complexo
Que para alguns não tem nexo,
Mas para outros muito vale.
É esse o papel do poeta:
Lutar contra esse mal
De dizer que poesia nada vale,

Calafetando a solidão

Súbtil foi a hora amamentando o sorriso de vigia junto
Aos pátios da minha esperança irrequieta, quase uma orgia
De felicidade onde esteio as lembranças escoradas e calafetadas
Numa caricia que se traja de mil gargalhadas tão premeditadas
 
Ainda que adie um lamento seus ecos em silêncio

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