Soneto

Sonetinho de Desamor

 Era um jardim tão bonito

Apesar de uma única espécie.

Todas as manhãs coloria

Exalando perfume, em alma agreste.

 

A florada era tão bela

O homem conseguia ver

 Debruçado em sua janela.

 

Flores e frutos maduros

E a natureza singela,

Se desnudava, tão ela!

 

Mas o homem impiedoso

Não se conteve com uma única cor.

Destruindo seu jardim,

Ficou sem nenhuma flor!

Ancestralidade-Mulher

                 Ancestralidae-Mulher

 

Vem de longe, Mulher, a tua história!

Da alvorada do tempo, em expansão.

Entre feras e medo e ramaria,

Foste fêmea e mãe, na escravidão!

 

Sob malvada e besta tirania

E a coragem ocultada em mansidão,

Ousaste Mulher! Com sabedoria.

Sobreviveste  pela força da razão !

 

Hoje, a tua voz inda é calada

Por forças obscuras, de olhar de breu.

Tua vida, comandada, aprisionada...

 

Desse tempo ancestral, dessa alvorada,

Girou o sol e a terra engrandeceu !

Só a mente d' alguns ficou parada !

Mulher, não vais querer o meu Amor

Mulher, não vais querer o meu Amor
Pois é do meu coração uma fértil lavra
Brota laços; quando ama jamais a livra
Nele trago todo de mim e o meu pudor

Ele paciente, meigo e tradutor da dor
É do meu coração verdadeira palavra
É fonte única da minha estável fevra
É da minha bondade o singelo penhor

De más mulheres, já bebeu peçonha
Mas inda tem brilho que o sol desvia
Ele traz paz dum branco de cegonha

Pai nosso, abaixo solo já finado

Pai nosso... abaixo solo já finado,
Carrego às lágrimas desta oração,
Uma dor que abafa meu coração,
Por dizerem que foste chacinado!

Não sei se... ou... estava destinado;
Sei que duro é não ter sua atenção.
Sem ti, vivo à tamanha desolação;
Deveras, sem ti, me sinto afinado.

Àquele jazigo onde terno dormes,
Desconhecem meus pés o caminho;
Que no despertar, o meu... tomes.

Porque sem ti, dias todos definho;
Irmãos meus, a mim conformes;
À vida... faz-nos falta o seu carinho

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