Soneto

Felicidade

                  Felicidade

 

Se há um sol em cada dia p'la manhã;

Se ergo os olhos e o vejo a brilhar;

Se há flores no jardim a despontar;

Como ouso ficar triste p'la manhã!?

 

Se há um meigo olhar que m'acarinha;

Um sorriso franco p'ra  me animar;

Se há aves no ar a chilrear;

Como ouso ficar triste p'la manhã!?

 

Há aroma a flores, a bica de água;

O céu, a maresia, a luz da lua

E a< flor mais bela> que vi nascer!

 

Há o mar azul, a chuva, o verão;

ESSE AMOR

esse amor, que um dia se julgou meu
não foi mais do que o sonho de uma noite
alguém que por entre a bruma desapareceu
carregando muita desenvoltura e afoite

 

implorando por atenção na vida me apareceu
envolto no mistério da sua capa de paixão
atacou quando a noite em mim escureceu
partiu antes do dia amanhecer, deixando a ilusão

 

Vem

Vem nas garras do vento
Pousar no meu coração
Abraça-o sem intenção...
Beija-o com alento!

Vem no calor do relento
Apagar minha alucinação
E rebolar sobre dunas de emoção
Em meu corpo sumarento!

Vem nas noites luzidias
Sussurrar em meus ouvidos
Com brandos gemidos...

Nas estrelas vadias
E nos prazeres possuídos...
Vem,...arrancar meus vestidos!

Noite sem luar

Noite sem luar

 

Noite ! Abeirou-se solenemente

Trazida pela mão da escuridão.

Pousou a negritude firmemente,

Trazendo a tristeza da <Paixão >.

 

Aninhou-se sobre a terra, inclemente,

Lançando um negro véu de opressão !

Sob o silêncio ermo , inocente,

Se esconde desamor e solidão !

 

Nem astros...nem luz...a riscar o espaço

Mergulhados nesse manto de breu,

Manto sombrio que engoliu o céu !

 

Noite cega, sem luar ,negro intenso !

 Lugubridade que a terra cobriu

Outono

Adoro o outono! Um poema de boas-vindas.

          Outono

 

Chegou o outono, pleno de cor !

De folhagem de arco-iris, trajado !

Já chora a brisa lamento de dor !

Tapete no chão, de folhas, bordado !

 

O sol, moribundo pousa sobre o mar,

Desfalece ! Solta a noite e o luar !

O mar, lancinante em seu marulhar,

Vem bater na areia para a torturar.

 

Amo o outono ! Traz-me nostalgia...

Vem-me à memória tempos de criança

Quando cada dia era fantasia !

 

Mar ! Meu mar

             Mar ! Meu mar

 

Mar ! Meu mar ! Companheiro de horas vagas...

Confidente de anseios e saudade !

Cúmplice de alegrias e verdade

Submersas na espuma das tuas vagas !

 

Mar! Meu mar ! Com gaivotas sobre as fragas

Que voam a dançar, suavidade ,

Balouçando consigo a liberdade,

No sereno bater das suas asas !

 

Mar ! Meu mar ! Vou olhar-te e repousar

Das lides...das lutas que a vida traz

Porque ouvir teu rugir, já sinto paz !

 

Mar ! Meu mar ! Azul e imenso mar !

Visão do céu

               Visão do céu

Sinto em ti pardal, lá do alto ramo,

A alegria que sentes em viver.

Tens p'ra ti todo o céu azul, que  amo,

Eu, não tenho mais que o chão p'ra viver !

 

Cerro os olhos ! Teu voo p'ra mim tomo.

Voo livre p'los céus... sem me perder !

Vai comigo fantasia, que eu chamo,

Bato asas...perco o mundo...sem o ter.

 

Tu, pardal, és feliz sem o saber !

Tens o mundo p'ra ti, sem o pedir !

Sempre o quis  e  só o posso sentir !

 

Se  pudesse pelos teus olhos ver

Reis, resmas e repúblicas.

Reis e resmas, rezas reviradas no regime reverencial!...
Onde há raios de riqueza no ringue, há rivalidades!
E nas reviravoltas o revel não rendeu-se ao real!
Rumo à ruma de ruínas e rosnadas de requinte rente. 
 
Nas repúblicas a resenha é de requeimar!
No rádio, o ruído é de raciocínio rápido
Raridade é realizar o resultado! Ou repor sem replicar
E à renque de renda repartida: reflita sobre o rádio.
 
Ou a nossa récua irá resvalar! E, sem recursos

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