Soneto

EM TUA DIREÇÃO

Não preciso mais ocultar-me de ti
Posso conduzir-te pelo intenso azul
Com minha claridade iluminar-te-ei
Vem em direção do Cruzeiro do Sul

Sou aquela estrela azulada e luziria
E em sonho, hás de vir até mim
Pois estou presa em eras infinitas
Esperando o astronauta que viria

Se me libertares criaremos laços
E entraremos em suave sintonia
E um dia viajaremos pelo espaço

E deixarás de ser poeta um errante
Juntando nossas asas podemos voar
Serei tua estrela e tu, meu diamante

(Lourdes Ramos)

E se eu te ?...

E se eu te desse,
Prazer e aventura;
Amor e loucura,
E diferente fosse ?...

Se contigo fizesse,
Sexo sem tortura;
Feito de forma pura,
E nada de ti quisesse ?...

Seu teu coração, eu o roubasse,
E sem quaisquer vergonha,
Hibernasse no teu corpo ?

Se fôssemos livre como cegonha,
E eu ter vidas como o Policarpo,
Aceitarias se te pedisse que me amasse ?

Autor: António Vicente Aposiopese

Indeléveis momentos

Indeléveis momentos

Naufrague nos meus peitos,
Tartamudeia o teu olhar,
Na concuscência do teu beijar;
Dar-te-ei indeléveis momentos

Beba dos meus lábios o adejar,
Transpire os teus sentimentos,
Nestes meus poros sedentos;
Te perca em mim sem te achar...

Sinta meus dedos viajar
Nos teus segredos nus
Que por muito venho farejar

Morra de querer-me como Vênus,
Entregue o teu sexo e venha ondejar;
Cada instante co'lótus, compus...

António Vicente Aposiopese

Suaves desejos

Ah! Se eu pudesse passear na floresta dos teus desejos
Por entre as folhas caídas das árvores de teu sonho
Percorrendo a tua pele quente e macia como caminho
E respirando o ar puro e fresco dos teus beijos!

Ah! Como eu queria saborear teus lábios de rubra cor
E sentir a deleitosa fragrância da tua pele de limão
Pois teus beijos são mais deliciosos que licor
E o teu doce perfume, quero eu ter na minha mão!

SECRET GARDEN

 
 
Descobri um encantador jardim secreto
Onde por vezes me encontro a meditar
Que foi edificado pelo perito arquiteto
É nesse lugar que costumo me refugiar
 
Sinto a paz a me abraçar e me envolver
Em ondas suaves, doces e perfumadas
Purificando meu corpo, alma e meu ser
Adentrando poros e artérias dilatadas
 
Ouço o silêncio e os olhos vou fechando

DANDO UM TEMPO AO TEMPO

 
 
Estou dando um tempo à emoção
Olhar incerto olhando a paisagem
Longe dos olhos perto do coração
Fiquei sem Norte e sem bagagem
 
Andava sem rumo, sem ter opção
E nada que fizesse ia valer à pena
Quando perece o amor e a ilusão
Não se pode ter a mente serena
 
Vou dar um tempo ao sentimento
Limpar as gavetas, sótãos e porões

“Terra”

 

 

 

Terra nos olhos, da boca chega-me aos ouvidos;

Terra nos pés, das pernas ao coração…

Só não tenho a ti, ò amada dos meus sentidos;

Tão presos a mim, em correntes de solidão…

 

Terra! Terra mastigada até ao meu peito,

Como se fosses o horizonte de todas as angustias;

Saudade

Na sombra da árvore da saudade
Repousam todos os espíritos em agonia
Sob o frio estridente da realidade
Deste mundo cego de tirania!

A saudade tem o cheiro da flor de begónia
E as entranhas de uma majestosa cidade
Lugar onde se passeia como na Babilónia
De mãos dadas com a ingenuidade…

Nos bosques perdidos da ironia
Onde a saudade alcança a imortalidade
Choram todas as divindades em cerimónia.

Pages