a flor austera
Autor: António Tê Santos on Saturday, 10 February 2018ingressei nos vetustos lugares onde a tristeza subjuga; percorri caminhos repulsivos para me estabelecer numa insípida masmorra; desembrulhei a genuinidade para fugir à monotonia.
ingressei nos vetustos lugares onde a tristeza subjuga; percorri caminhos repulsivos para me estabelecer numa insípida masmorra; desembrulhei a genuinidade para fugir à monotonia.
Mundo pequeno
Meu mundo é pequeno
Não só pequeno ou apenas
Ele é distante, não apenas só
Também cambaleante
Meu mundo também é colorido
As vezes preto e branco, não só
Quando era cinza embranqueceu
Quando embranqueceu, iluminou
Nele não cabe um navio de livros
Nem uma carroça de poemas
Nem uma criança sorrindo
Nem um adulto gemendo
Somente cabe eu, desacompanhado
De qualquer sentimento insurgido
Desacompanhado de eu próprio
Passageiro mim temporário, neste dia, só.
Às vezes fia
Poesia minha companhia
Às vezes quente, às vezes fria
Somente seu conforto
Me traz alegria
Se relembro desenterro
Se esqueço descrevo
Se me esqueço me encontro
No primeiro ato do escrevo
Poetizar no teu seio
É amamentar meus caprichos
De ser o que não fui
Naquilo que sempre anseio
De volta pra realidade
Só fico com sua saudade
De voltar a te rever
Poesia meu bem querer
Tilintar supremo
No tilintar do sino tem algum aviso
Este gemido do ferro traz esperança
Ou simula uma desilusão findada
De alguém que já espectacularisou na vida
Pelas batidas insistentes é de desespero
Como o desembrulhar de um feito
Que fora desfeito por alguma causalidade
Ou pelo vexame de alguma maldade
Bate lá o sino, pequenino, sino do além
Se nasceu algum menino ou menina
Que venha nos acompanhar para o bem
Com saúde dos que aqui cantam sem rima
Boa amiga
Que sofres nesse leito
Tens Jesus por companhia
Bem guardado no teu peito.
Jesus te guarde noite e dia,
A toda a hora e momento,
E te dá a companhia
Do Santíssimo Sacramento.
Ó meu Santo António,
Sempre tu foste da borga.
Arranjas os casamentos
E logo te vais embora.
Santo António,