João e José

João e José são feitos de barro é fé,
Labuta, afeto e umas tiradas de sarro.
Enquanto um tá na palha pro cigarro,
O outro acaba de cortar o capim-guiné.

Se são irmãos, não se sabe nem se duvida,
Certo mesmo é que eles vivem num visgo,
Dão-se entre si mais que com “muié” e "fios".

Às vezes vão visitar a cidade, lógico!
Mas é só pra sustentar os seus vícios
De comparar o tanto que é “mais boa”
A vida na roça, apesar dos sacrifícios.​

Sincera edvânia

Distante de casa a menina
sob a luz da lanterna caminha,
temerosa avista distante
o destino a aguarda na esquina.
 
lentamente seus pés se arrastam,
não há volta, a morte se aproxima
um calafrio percorre seu corpo
de suas botas à seu vestido de alcinha.
 
Bruptamente a lanterna apaga-se,
ampliando a penumbra da noite,
o que o céu estrelado assiste
são segredos que guardam as noites.
 

A Escolha do Calvário

A vida segue rápida em passos mornos

E neste deserto de águas que meus olhos criaram

Tudo é turvo, morto e delicado.

 

Já não culpo mais meus erros

São eles que me criaram e me deram sabor à vida

Santo nenhum jamais me olho de seu pedestal

Pois eu havia roubado seu lugar para olhar os mortais

 

Todas as feridas abriram meu coração e minha vontade

Sempre foi assim

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