O Olho

O olho

O olho reflete o conteúdo da alma
No intenso brilho que o amor expressa.
No marejar de lágrimas espessas.
Na deliciosa emoção que acalma.
Na opacidade que exibe o trauma.
No olho no olho, expressão que não mente.
No faiscar que mostra a fúria na mente.
No olhar benigno do ser que almeja.
No maligno fitar do que inveja.
O olhar diz o ânimo em que vive um ente.

Jurei

Eu jurei que era

Eu jurei que sou

O Sol tenro da primavera

O frio do inverno que chegou.

 

O aspecto desta vida marginal

É uma esfera de altos e baixos

Como um transexual

Entre fêmeas e machos.

 

Não sou pessoa

Sinto-me coisa figurante.

Nem coisa má nem coisa boa

Mas de falta abundante.

Um livro abandonado à estante!

Borguês

Certos pensam que sou borguês

Porque marcho com os pés na frente.

Disso estou inteiro consciente

Nesta pele de burgo em viuvez.

 

Queria pular no vazio do universo

Penetrar esse vazio que me atacha

Viver na página do verso

Onde todo mundo me acha!

 

A minha borguesia 

É uma caixa vazia...

 

Meninos índios

Meninos índios

Silvícola,
selvagem
conterrâneo.
Uirapuru
cantou no escuro
hoje,
escondeu canto
do menino
tupi, apuã,
tapirapuã,
de dívida,
de ontem
de amanhã.
Um rosto santo
olhar feliciano
separado
do sofrimento
de um povo.
Quantos somos
a reconhecer
que são na realidade
apenas amores.

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