Surreal imagem

Com pincéis de incolor seda e uma paleta de infindas cores

Pintalguei abruptamente o meu nascer de fugaz cor,

Suavemente embalei os braços da minha mãe,

De alegria esfusiante desenhada

Com bênçãos mil percorri a minha infância,

E de frondosas árvores e inebriantes animais,

Na Terra Mãe fui enraizada.

À entrada do humano viver

Surge a revolta implacável e imunda,

Timidamente pintalguei o meu ser de cor de medo

E rasgando as minhas células,

Singular devaneio

Oiço ao longe intensas e vibrantes badaladas

O chilrear brejeiro e alegre dos pardais

Que tal como eu sentindo a suave brisa de vento

E que acorda o reflexo dourado da Terra que me acolhe

Grandiosa e divina que os meus pés pisam sem pudor

Mas na minha alma retrata o meu ser

Ser este que de tão perturbador,

Sonha com o infinito e eterno céu

Que os meus olhos com encanto abraçam,

E que no meu coração habita para nele sempre permanecer

Sentindo em mim que o meu ser é das estrelas

Roubaram-me a lua

Os deuses roubaram-me a lua do céu

Imensa ela brilhava e encantava

E profundo e intenso aquele desnudado encanto,

A minha alma preenchia.

Cintilantes estrelas semeadas no firmamento

Enfeitiçavam-me e em mim desenhavam

O esplendor da vida.

E a lua que era o meu celestial guia,

No céu deixou de brilhar.

E a inquietação varreu o meu olhar

Num imenso mar de nostalgia,

Onde reina o meu coração.

E roubaram-me a lua...

Só para desvairarem o meu coração.

Por ela incessantemente procuro

Vivificante saltitar

Saltitando de ramo em ramo,

Como se fossem somente uma nuvem de sonho

Brejeiros cantarolando o extâse da vida

No seu canto carregam toda a fragilidade

Que jaz no exuberante cosmos,

Criado por aquele que eternamente procuro

Sonho desfasado neste corpo que padece,

De não te sentir neste mundo que percorro,

Desenhando esta longínqua estrada

Que os pardais suavemente pintalgam

Para depois eu crer

Que a sua singela canção,

Foi cantada para mim, na minha estrada

Ser, humano

Nas brumas da realidade

Fugazes momentos que transbordam de vida

Presença única que de ti, universo infindo

Encontro nas vísceras que em mim reclamam

O estar vivido nesta realidade que me afoga

Num mar de caóticas sensações de nada

Procuram incessantemente em mim, a vida

Que desnudo e assim sentida,

No breu do meu olhar se desvanece

Apenas neste profundo ser que de mim renasce

E se aflora abruptamente no meu sentir

Que de ti, universo imenso

Bucólica espera

 

E este imenso mar abalroa o meu olhar

Sonantes ondas transpõem o meu ser

De profundidade sedento,

Jamais desenhada na superficialidade desta realidade,

Que me afoga com desdém

E inerte olhando para esta sua imensidão

A minha alma finalmente encontra,

Aquela paz que o meu ser escabrosamente anseia

E assim permaneço desejando somente

Reencontrar nas suas intempestuosas vagas

Aquele silêncio que absurdamente me envolve,

E me devolve o breu desta vida

O Senhor Me Conhece

Senhor tu conheces os meus pensamentos

O meu deitar e levantar

Toda palavra oculta em minha língua

Sabes mesmo antes de eu falar

Sabes para onde irei

Antes de me por ha caminhar

Para onde fugirei da tua face

Que não possa me encontrar

 

Se subir ao céu Lá esta o Senhor 

Se mergulhar nas águas do mar

Também ali o Senhor me espera

A tua mão sobre as ondas me guiara

Se as trevas me encobrirem

A sua luz me mostrará

Trevas e luz são iguais para o senhor

saber!

Saberemos diferenciar todas as histórias que lemos hoje sem as esquecer amanhã?

 

Saberemos outras mais inventar,

Diferenciar!

Todas as conversas que tivemos,

As mais pequenas memórias,

Todas juntar para um dia contar:

Histórias

Que, afinal, até as queremos escrever,

Lemos!

Hoje, como se fosse só um dia!

Sem pensar na vã ousadia,

As voltas de no fim termos que ser,

Esquecer:

Amanhã!

Saberemos diferenciar!

Outras, até, inventar?

Conversas que lemos,

Histórias,

Condição

Condição?

 

Foi uma situação penosa?

Foi um espinho de uma rosa?

Que me perfurou.

E nunca, nunca mais sanou!

 

Instala-se o tumulto.

E aparece como um vulto.

Esta estranha impressão.

De estar só, no meio da multidão.

 

E é um livro reservado.

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