Abram-se da Percepção as Portas
Autor: Joana Trindade ... on Saturday, 2 September 2017
Abram-se da percepção
as portas,
que eu quero sair.
Abram-se da percepção
as portas,
que eu quero sair.
O sol é verde,
Azul ao extremo,
Às vezes.
O sol não emite calor
Ao se sucumbir aos homens incolores.
Há outras estrelas,
Uma bem no meio do mundo
Dos outros.
Esse mundo “docês”,
Que não vou nem a passeio.
Passo nem perto,
Desse caminho escuro que não se caminha.
É escura e funda, a vaidade
Um afresco,
Em suas paredes de idiocracia.
Por isso mesmo, o sol nunca que lhes chega.
Mas eu sou um sol,
Aquela gema vermelha,
Ainda que num dia de chuva amena.
potencio a urdidura poética em catadupas de vocábulos que usam o pranto para expressarem emoções; relaciono tudo com a imagem do cantor que coloca a erudição por cima dos sermões de antigamente; burilo os versos no tablado das conquistas incorpóreas que eu quero alcançar.
Haverá alguém capaz de compilar toda uma língua num só verbo: escrever?
Haverá, senão ninguém?
Alguém, assim o faz!
Capaz?
De um modo atrevido de ser:
Compilar!
Toda a forma de falar,
Uma e nenhuma essência:
Língua da existência,
Num mundo a correr!
Só alguns estão àquem!
Verbo: a passar,
Escrever!
Haverá ninguém?
De ser alguém?
Assim capaz?
Ser?
Toda a forma o faz!
Compilar,
Falar!
Uma existência,
Língua da essência:
Um dia você vai ver
A água da fonte da vida esgotada
A porta que leva ao céu ser fechada
Você poderá ficar do lado de fora
O Senhor que sonhou a todos salvar
A qualquer momento ele ira voltar
Vai fechar a porta e vai embora
A porta vai se fechar
A porta vai se fechar
O senhor não vai mais esperar
Porque chegou o tempo do fim
Jesus esta dizendo vinde a mim
Que Deus nos espera na gloria
Junto iremos subir
Com ele cantar o hino da vitória
A vida vale a pena.
Sim, apesar de todos os males,
A despeito do que dá errado, irrita,
Ainda é muito boa essa vida.
Vale a pena
Poder tocar nos sorrisos
Da criança,
Do velho que ainda dança.
É muito bom reencontrar um antigo amigo,
Dormir abraçado com seu estimado bicho.
Vale a pena
Fingir que canta,
Comer aquele lanche, que foge à dieta.
É bom, de vez em quando,
Fugir à regra.
E não engorda,
Saber lidar com quem te despreza.
Vale a pena
Sambar com o rock,
O tempo é um pêndulo,
Areia na ampulheta,
Que não só quando no meio,
Tem dois extremos,
Um que veio,
Um que não tenho,
Um que é saudade,
Outro que é apenas desejo.
Eu conseguia ver o que havia sob o ralo.
Vermes, cabelos, espuma e escarro,
Esperma.
Eu tomava banho,
Coisa rara.
Mais um pouco
E o esperma cresceu sob a espuma
Do xampu ou do sabonete.
Havia cabelos lisos compridos
Em sua cara de Perseu.
Cabelos meus
Ou dela?
Minha menina caquética.
Com o esperma vieram os vermes.
Apanhei o rodo e dei neles,
Em vão.
A luz apagou ou acabou,
Tudo ficou escuro,
Como se eu estivesse no fundo
De minha garrafa vazia de Bourbon.
Poderemos viver esta vida apenas de memórias escritas em papel sem autor?
Poderemos encontrar toda a sua dor?
Viver?
Esta série de histórias!
Vida!
Apenas, à pele sentida escrever,
De palavras sem pudor!
Memórias?
Escritas de forma redimida,
Em jeito de passadas glórias?
Papel incolor,
Sem margens nem dedicatórias
Autor?
Poderemos escrever?
Esta vida?
Apenas memórias,
Dor,
De histórias?
Sem pudor:
Glórias?
Em jeito redimida: