Perdemos

Perdemos
Prefiro o vento após o banho frio
que seu olhar me vendendo vazio
sem o menor alento de um teu gesto
pequeno me comprar.
Aberto um sorriso, abrindo um delírio,
dentro de lábios permissos,
perto do mais santo vivente olhar,
mas nada removia tua frieza no amar.
Tuas conclusões de vida,
nunca te deixaram ver que próximo
estava quem nunca saiu de ti,
quem nunca desabraçou teu desejar.
Quando desvia teu olhar aos cantos
me escondo nestes recantos para
tua atenção roubar, procurando o rumo

Destarte existo...

Destarte existo...
Antes de sacar a pena, lavei as mãos,
antes de expor a alma, lavei meu corpo,
antes de alisar os cabelos, lavei a cabeça,
antes de começar a pensar,
lavei meus pensamentos.
Agora tudo limpo e purificado,
podemos começar a prosar e existir.
Posso expor os defeitos
de meu corpo com classe,
o brilho de meus cabelos arredios,
sem o odor de meus pensamentos.
Quanto cuidado tenho com meu corpo,
ao expor m’alma e replica-la nas letras.
Nesta audácia pra frente me escrevo,

Ocaso

Ainda não vou embora... por agora.
Ainda estás entranhado em mim.
Sabes que a alma sempre demora
A aceitar que chegou a hora...
Que o sonho encontrou um fim.

Mas por agora, ainda estou aqui.
Nos labirintos da memória,
No deleitar de uma efémera história,
Na saudade incessante de ti.

Derramo silêncio nos meus dias,
Num deslizar das horas frias
Carenciadas da tua presença.

E é no ocaso do teu olhar
Que rendida acolho a sentença
Do mutismo do meu amar.

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