rumores essenciais
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 2 August 2017deslizei pela matriz dos revezes lançando as minhas ideias num sorvedouro de imprecisões desde o lugar aplainado que a ousadia motivou junto à cerca do desespero.
deslizei pela matriz dos revezes lançando as minhas ideias num sorvedouro de imprecisões desde o lugar aplainado que a ousadia motivou junto à cerca do desespero.
São tantas as minhas aflições,
Dentro destas lições que a vida me prega.
São tantas as escuridões,
E o verão quando chega, é tão breve!
Os invernos são tão cruéis,
E o tempo parece sorrir daquilo que sinto.
Minhas ilusões se fazem presentes,
No silêncio daquilo que busco incessantemente.
Só os sonhos ainda permanecem vivos.
E é so deles que realmente preciso.
Não sou poeta, apenas corro em busca de vida.
Dentro de mim, a casa permanece com as luzes acesas.
O teu sorriso triste esconde um sonho que não consegues contar. Ele faz chorar o meu coração, mas um dia vou levar-te para um mundo distante e vais reconhecer o teu lar.
Ao anoitecer vais caminhar pelas ruas e reconhecer a tua gente, depois vais sorrir para sempre. Vais reconhecer todas as vozes e sentir uma brisa suave que se chama paz.
Vais ter um milhão de amigos e uma casa sem portas. Vais tocar na janela do teu velho quarto e todos vão cantar.
A vida é um somatório de momentos, de instantes, não existe nenhum conversor de escalas que os quantifique, podem durar uma eternidade ou simplesmente nada ultrapassando o tempo sem deixar rasto.
Outros permanecem para sempre! O sorriso do meu pai, o olhar terno do meu filho, a minha filha nos meus braços, as palavras mágicas da minha avó, a primeira vez que vi uma estrela-do-mar azul, o barulho do ribeiro da azenha e o cantar do rouxinol da eira nas noites quentes de verão.
De que vale ver a água fria dos ribeiros se não a bebermos?
De que vale ver o mar sem ver a cor dos peixes?
De que vale ouvir o vento sem caçar as velas?
De que vale ouvir a tua voz sem ver o teu sorriso?
De que vale ver o teu corpo sem as minhas mãos o reconhecerem de olhos fechados?
De que vale ver os teus olhos sem ler a tua alma?
De que vale tudo se a vida não for a verdade dos nossos sentidos?
MS
(20/01/2015)
Vejo um barco ao longe, mas o mar é amarelo e o pequeno barco é branco, debaixo das tuas mãos vejo o pequeno barco que se aproxima, mas o mar é imenso e continuo debaixo das tuas mãos.
Um dia vais abrir as mãos e vou ver-te chegar a sorrir, o barco será castanho como os teus olhos e o mar dourado como o teu corpo.
Quando o céu for azul vais caminhar ao meu lado na areia branca e eu vou tocar as tuas mãos para sempre.