a janela impúbere
Autor: António Tê Santos on Saturday, 6 May 2017um itinerário se apruma desde a raiz do sentimento até à energia daqueles que escapam às rotineiras efusões elaborando poemas que denunciam a famigerada sordidez.
um itinerário se apruma desde a raiz do sentimento até à energia daqueles que escapam às rotineiras efusões elaborando poemas que denunciam a famigerada sordidez.
Os homens da minha aldeia morrem cedo, as suas mulheres vestem-se de preto, é uma fatalidade que aceitam com sofrimento e serenidade, com coragem… Sempre assim foi.
As mulheres vestidas de preto olham o futuro com determinação e transformam o presente. Trabalham descalças no verão, cultivam, regam, lavam, cozinham, abraçam os filhos, choram…
Quando caminham para o campo sorriem, vivem as emoções certas nos momentos certos, têm as palavras certas para dar às pessoas certas, têm a alma aberta e o coração fechado.
Acordei...
O dia estava um silêncio
Mas o sol estava brilhando
Não havia vento nenhum
Mas o silêncio era imenso
Aos poucos se ia encaixando
O dia era como qualquer um
Eu estava um pouco ocioso
Aos poucos recuperando o fôlego
Um belo banho
Um café forte
Um sorriso no rosto
Alegria entrando
Me sentindo mais forte
Fui até o posto de gasolina
Comprei 10 litros...
Peguei minhas roupas todas
Eu já não fazia parte desse mundo
Botei fogo em todas
Com exceção das vestes brancas
as cicatrizes rechonchudas geradas pelos alores introduzidos nas quezílias; os traumatismos imberbes em refúgios que exploravam os adulterinos procedimentos; as náuseas reunidas aos mitos que sufragaram os cândidos amplexos.
Nunca fui tão explícito
........ me permitirei agora .........
A exploração vem dos primórdios.
Desde o tal descobrimento
Que alguns chamam de invasão
Povo sofre dor, tormento,
Riqueza não teve não.
Primeiro a dizer: “Não aguento”,
Foi o índio expulso de seu chão.
Foi o início do sofrimento
Do povo desta nação.
No Regime escravocrata
Negro é obrigado a sofrer
Fúria do “nobre” que o mata
Maltrata e explora o seu ser.
A avidez aristocrata
Fez a vida fenecer.
Sua ânsia por ouro e prata
Fez muito sangue escorrer.
que pontos são aqueles
livres, voando,
sem quaisquer entraves?
parecem-nos observar!
julgo que não são seres reles,
talvez são reis observando,
minhas senhorias, aqueles pontos são aves!
tendes razão para vos espantar!
poderá a poesia ser interactiva?
temos só de a escrever!
para alguém a poder sentir,
não devemos ter qualquer expectativa,
pode até ninguém a ler
será que a alguém vai servir?
uma qualquer palavra emotiva,
basta uma só escolher
e alguém poderá sorrir!