UM TRAJETO PENETRANTE

o poeta embarra na parede submersa da contrariedade e da desconsolação.

 

as gaivotas da liberdade perfuram a cerca dos costumes bradando mágoas incandescentes.

 

as palavras avultam no meio dos passageiros do barco grande que desmantela a tempestade.

 

há vocábulos que extirpam os estertores dirigindo-se ao tablado da originalidade.

 

o rol de acusações que se apuram em querelas escavas intentando expulsar a sensaboria.

Love of My Life

Fecha os olhos e arrepia-te quando eu me aproximar dos teus lábios
Juntando nervosismo e ansiedade aos sentimentos mais sábios
Já são tantas as fotografias que me fizeste revelar
Expostas na memória que eu te deixei conquistar
Agradeço aos teus atributos que me sabem mover
A força que tens no olhar onde me quero perder
Guio-me por curvas perfeitas, delicadas ao toque
Levando-me ao paraíso em qualquer caminho que me foque
Falas-me de alma, de espírito, de vales e montanhas
De mão dada contigo, o mundo ganha várias façanhas

Noite vs Saudade

A noite vem poisando devagar sobre a terra,
Que a inunda de amargura,
E nem sequer a benção do luar,
A quis tornar divinamente pura.
Ninguém vem atrás dela,
A acompanhar a sua dor, que é cheia de tortura,
E eu oiço a imensa noite a soluçar,
E eu oiço a soluçar a noite escura...
Porque és assim tão escura, assim tão triste?
É que talvez ó noite, em ti existe,
Uma saudade igual à que eu contenho.
Saudade essa que eu sei de onde vem,
Talvez de ti ó noite, ou de ninguém,
Que eu nunca sei quem sou, nem o que tenho.

Terra de Sonhos

Longe do ar asfixiante da cidade,

Se encontra repleto de saudade um céu imenso e mirabolante!

As cortinas de seda outrora erguidas,

foram agora recolhidas,

regressando a obra de arte ao seu contexto original.

Céu coberto de tantas cores,

lugar de mágoa,

lugar de amores,

que se um dia ca viveram,

agora jazem aqui!

Nesta época conturbada e fria

Está uma beleza inóspita que se guia

pelas montanhas do saber,

pelos rios da eternidade.

Oh mar imenso,

Oh mar de vontade,

Vida

Vida,

Ponto de partida dos pensamentos mais vãos,

Ergue-te perante mim e Defende-te!

Eis-me aqui tua escrava ostracizada,

Outrora fiel,

Outrora adorada,

Que agora te virou costas,

Que agora cospe em cima das tuas lamúrias.

Ai, essas injúrias,

Façam-na parar!

De ti não aguento nem mais um suspiro,

Pois o ar que respiro teima em não se prolongar.

Desprezo-te a cada dia que passa,

E já é tão grande a minha desgraça que nem sei mais se um dia me vou encontrar.

PALAVRAS CONVERGENTES

a paródia similar à trouxa que boiasse nas águas repelentes dum escoamento.

 

a geometria dos acasos parece descobrir as concórdias e os amplexos ternurentos.

 

tudo o que se descobre no fulgir da emotividade provoca afagos que se hospedam na convivência.

 

os poetas embrulham os alvoroços desconhecendo como se abrandam as circunstâncias.

 

o escampado imenso é girado de afeto ou de consolação quando os cardos da lembrança me abandonam.

Profundo silêncio do nada

No profundo silêncio do nada, onde eu moro.
Onde por vezes reflicto sobre o teu pensar.
Penso. Penso muito. Há quem diga que penso demasiado.
Penso que é esse o meu problema.
Querer-te tanto, e tão bem, Amar-me pouco, e tão mal.
Não tenho mais nada senão estas palavras que escrevo.
Palavras para ninguém, palavras que ninguém lê.
Eu sei que sou estranho nas minhas inseguranças.
Quão estranha é a vossa confiança aparentemente segura.

Pages