APENAS

Abraça-me como se tudo estivesse no principio
e os teus dedos tocassem a minha pele pela primeira vez.

Apura os sentidos e decora-me o cheiro e o sabor.
Lavra-me o corpo de terra orvalhada.

Planta-me a chuva no rosto
e as sementes da paixão na pele.

Depois espera...
contempla como o teu olhar se insinua,
perante o banquete de aromas,
texturas e sabores
que o meu corpo te oferece.

O Caminho da Liberdade

O caminho da liberdade

Ser livre é permitir que a alma frutifique em terra de ninguém, terra fértil, terra preta, o húmus da solidão.

Nessa terra, posso ver as neblinas que chegam com o frio da noite e envolvem lentamente os ramos dos choupos. Caminhando é possível alcançar as árvores, mas a neblina afasta-se.

Nessa terra, caminho só, oiço o silêncio do inverno e fico suspenso no tempo sem chegar ao destino.

Miguel Sousa Santos

(24/01/2014)

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