APESAR DO TEMPO

O tempo tira-me a vitalidade
Consome todos os dias, as noites
Rouba-me descaradamente os sonhos
Clareia-me os cabelos, dá-me rugas
Apesar de tantas pedras de fragas
Apesar de tantos espinhos
Apesar de tanta lama no caminho
Apesar do vento frio na cara
Apesar de tantas dificuldades
Apesar de tantas horas amargas
Apesar de tantas noites escuras
Apesar de tantas dores sentidas
Apesar de tanta ansiedade do nada
Apesar de tantas névoas no amanhecer
Apesar das presses feitas em silêncio

AMO-TE E PRONTO

Amo-te, porque me permitiste amar-te
Amo-te, porque conseguiste beijar-me os lábios
Amo-te, porque sorriste para mim
Amo-te, porque despertaste em mim tudo «aquilo».
Amo-te, porque me fizeste suspirar
Amo-te, porque coloriste a minha vida.
Amo-te, porque essas cores ficaram no peito
Amo-te, porque a tua voz nunca mais me saiu da cabeça
Amo-te porque ouço o teu gemer no meu ouvido
Amo-te, porque a vida não é só preto e branco
Amo-te, porque alimentaste as cores que nos alimentam.

AMOR AMOR

Amor
Amo-te no meu silêncio
Nem as flores do meu jardim sabem
Quem diria que o perfume das rosas
Seria o meu destino até ti
Nem as estrelas sabem
De mais uma noite triste e silenciosa
Nem a lua que se vê tão transparente
Sabe do meu amanhecer solitário
Amo-te em silêncio ?
Sem palavras, sem gestos
Sem que o vento e a chuva saibam
Só o meu silêncio que corta as dores
Da minha alma
Só eu sei que ninguém sabe que existem.

ENCANTO

Tanto é o encanto
Deste manto fino
Neste cheiro
Das flores
Que me tira
A dor
Das lembranças
Dos amores
Que eu tive na vida
De luas
Entre as estrelas
Nas partes divididas
Entre as folhas
Secas da minha vida
Em cismas
Que tristemente
Escorrega nas fragas
No limpo regaço.

FIRMEZA

A solidão fez-me uma festa
Vestiu-me de fúnebres flores
De uma mortalha perfumada
Memória dos meus amores.

Nem uma lágrima resquício
Nas rezas das pobres carpideiras
Num pranto tão compassado
Não restou nada, nem a saudade.

Da dor do que outrora fui
Morrer, só por si, é ridículo
Ou talvez seja uma piada
Afinal morrer é uma dura ou suave.

Transgressão que não tem graça
Morrer é um exagero, mas quem sabe
Por isso não se apegue às coisas inúteis
Ame e perdoe sempre com firmeza.

RIO SABOR

Desenhei o meu corpo nas águas
Profundas do rio sabor que corre
Nas minhas veias de sangue em mim
Nele percorri-me nas suas margens
Numa saudade que nunca morre
Desenhei minha alma nas ondas do
Meu amado mar, das lembraças de ti
Rio Sabor preenchidas com as dores
De seres esquecido como fostes maltratado.

LOBOS

Há quem ame a praia e o mar
Há quem prefira as grandes cidades
Há quem goste do silêncio
Há quem consiga viver no barulho
Há quem adore Deus acima de todas as coisas
Há quem prefira viver no campo
Eu sou apenas uma faminta loba
É o meu uivo que ouves à noite
E são os meus olhos castanhos
Que te contemplam nas sombras
É o meu coração que bate na tua alma
E com a minha força te faz inteiro
Sou uma loba de corpo, de alma
Com tantos desejos de ti, em mim
Somos os dois lobos famintos

FOLHAS DE LETRAS

Hoje escorreguei num belo poema de letras
Escrevo por alguém que amo loucamente
Páginas de um livro que uiva para a lua o teu nome
Numa contínua poesia feita de desejo de amor
Deixa-me descrevê-lo entre cada uma das letras
Que escrevo em todas as noites, todos os dias
Em cada sonho em cada história desesperada
De mil suspiros na pele como o suor, como a chuva
Folhas que foram perdidas nas noites dos teus beijos
Nos teus nos meus sonhos da nossa longa memória
Poesia dos teus olhos no sorrir das minhas folhas de letras.

Pages