(sem título)

a sofística demência do poeta

expulsa-me da alma o sonho anunciado

e o poema cala-se-me na boca desiludida;

o presente é agora um feixe de folhas

brancas, sufocadas em palavras despidas

- talvez o verso 'inda se acuse,

por entre as estrofes magoadas

ao encontro da rima arrependida

que absolva as reticências glosadas

no capricho nietzschiano do poeta

 

ó musa cuspida no não sentido da palavra

inquieta! não me renuncies ao silêncio do mote acidulado!

recria-me agora no corpo das letras abandonadas!

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