Nevoeiro
Autor: Diana Santos on Friday, 20 May 2016A chuva escoa levemente
Na janela pelo vento fustigada,
Lavando pavorosamente
A alma anteriormente destroçada.
A chuva escoa levemente
Na janela pelo vento fustigada,
Lavando pavorosamente
A alma anteriormente destroçada.
Leva-me, amor, a este mar de ondas mornas e discretas, onde os sentimentos se mesclam e oscilam entre o mais tranqüilo suspiro e o mais tresloucado gemido. Leva-me para além do que eu possa ver e tocar, onde a razão me faça vencida, e a alma, desfalecida, conheça a bênção dos ventos, o cheiro das tempestades e a fúria dos vendavais.
Quero um amor que me faça sair de mim que me sinta, mesmo quando estiver distante. Que me queira em cada outra que vir que me ame como um homem, mas, me trate como uma menino. Que seja meu amor, forte e seguro, que saiba o que faz e o que quer mas, com o coração e alegria de menina. Que tenha cabelos pretos, assim como os meus.
há um dileto ressurgir que invalida os dizeres antigos onde concretizo o sonho de tagarelar sobre factos que estoiram na barriga do diabo no intento de imprimir versículos que distribuam toalhas limpas sobre os esfiapados lugares do tédio.
as palavras sustentam a monotonia esfraldada até ao portal da ansiedade com puras intuições que interferem na minha evolução: patológicas quando me obrigam a usufruir da liberdade até à exuberância que faz ricochete nos versos.
há uma tela inacabada que traduz ideias perturbadoras num famigerado trituramento que principia com a nascença e continua até ao desfecho mortal: é a largura do ócio em toda a sua fulgência, é a existência invulgar puxando a terminologia, é a janela escancarada aonde chegam as vaias da turbamulta numa provocação contínua e intransigente.
os timoneiros restringiram as festas que anestesiavam a nossa marcha periclitante: agora as vielas semelham hospícios e a formosura estertoriza em mansões recurvadas: é a fase superior do homem, transfigurado e pesaroso, que contém uma pena longa demais porque a face quebrada do deus insiste em multiplicar os maus-tratos naqueles que entontecem.
estoiram-se os portões da tirania e recebem-se os convivas com grandes aplausos; libertam-se os poetas dos calabouços mas o povo escarra contra aqueles que difundem versos ácidos revelando a sua discordância por a nação conduzir dentro de si relatos corrompidos.
um estranho viver desenrola-se no chão da notoriedade quando o poeta coleciona angústias encaixando os desenganos nas imperfeições: ele arquitetará o sossego com ideias supuradas e as folhas esvoaçarão, pairando no ar.