És

És

És só sombra do que quiseras  ser.

Luz baça e fria de estrela distante.

Fogo, sem chama rubra e flamejante

Que sopro gelado impediu de arder.

 

És a  flor sem cor...que o sol não quis ver.

Sem amplo espaço para o horizonte,

Sem água mais pura de uma outra fonte.

És flor fechada...sem o querer ser.

 

És mar sem marés, sem águas de prata.

Não quisera a lua nelas s'espelhar

P'ra que fosse ela somente a brilhar.

 

És vida ! que a ti te fora tão grata !

Descanso no Outono

O silêncio tomou-me por horas.

E coloquei a ponta dos pés na água morna.

Assim demorei.

Aos poucos, o ritmo da monotonia foi criando passos,

Usando os meus,

Em direção qualquer.

 

Por horas estive sonhando,

Um sonho tão profundo,

Que apenas lúcido conseguiria vislumbrar.

Em meu sonho, algo sussurrava

Um mistério tão profundo

À deriva

Abeiro-me deste pensamento
 
recém chegado
 
inundando o tempo de espera
 
ainda te tateava o ser rodeado
 
de oceânicas quimeras
 
gotejando a cada Índico naufrágio
 
no silêncio Pacífico desta espera
 
inescusável
 
contornando o litoral Atlântico
 
onde viajo contemplando
 
cada maresia que teu ser
 

Primavera

Hoje sonhei com uma quimera.

As cores da morte são nuas como minha alma.

O som que ecoa só pode ser sentido em minha pele.

Todos os olhares condolentes me matam junto com quem se foi.

 

Eu preciso de um lugar para me ajoelhar.

Eu quero voltar a ser pequeno,

Tão quanto as flores ao redor do seu túmulo.

Eu tenho medo do meu nome.

O vento sussurra nomes estranhos

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