Não voltes por dó

Hoje já não aguento,

Hoje já nem  comento.

Hoje já nem invento,

Quanto muito eu lamento.

 

Mas tenta por amor,

Não tentes por favor.

 

 

Desisto mas não quero,

Logo resisto a desistir.

De repente quando vejo o zero,

Tenho medo de partir.

 

Fui me embora sozinho,

Volto agora tão só.

Admito que magoa um bocadinho,

Mas não voltes por dó.

 

Gota

Gota que chove tristemente,

Chora num pranto isolado.

Molha as costas de tanta gente,

Que nem se sente a ser molhado.

 

Sopro de um vento sentido,

Quando te oiço a cantar.

É um ritmo que quando ouvido,

Amplia aquilo que sinto,

É a brisa onde vais voltar.

 

A terra húmida que já é lama,

Encaixa entre os meus dedos.

Numa frieza leviana,

Que este frio não me engana,

Quando lhe conto os meus segredos.

 

 

 

 

Tu e o Mundo

Suave na chegada, breve apresentação,

O sentimento denunciava numa fé antecipada do que sentia o coração.

Sem prisão e sem dono,

És tu ,e o mundo,

Agarro me mudo a palma da tua mão.

Num futuro demasiado escuro, demasiado para o ver

Num presente que procuro,

Algo mais seguro que o passado faça esquecer.

Poesia rasgada

Esse teu olhar sabe muito mas não conta nada.

É como o teu sorriso que esconde subtilmente  a vontade de partires.

Sensato o ato precoce de teres arrancado o teu coração.

Enquanto que eu num fingimento inútil tento ignorar o meu.

Apaixonadamente beijei os lábios da indiferença, e nem o seu sabor senti.

Um calor que não aquece quando o que mais precisava era de me aquecer.

Depositéi-me na esperança que talvez através do meu amor tu despertasses o teu.

SE...

Se o que eu pedisse a Deus se concretizasse,

Ou mesmo, se nada de mal me acontecesse,

Provavelmente minha vida ficasse,

Um mar de rosas - e eu não padecesse.

 

Se eu tivesse um poder que me permitisse,

Antecipar-me ao mal - se isto eu pudesse -

Talvez, assim, eu quase tudo previsse,

E não perecesse do que muitos fenecem.

 

Se eu fosse perfeito, se assim conseguisse,

Ter muitas qualidades que a vários enobrecem,

Talvez eu lutasse e nunca fugisse,

Desta vida insana que tanto nos empobrece.

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