Cinza

Apareceste como és e eu apresentei-me como sou.
Nem te vi chegar, como chega a noite, primeiro um bocadinho, e depois completamente.
Debrucei-me titubeante sobre ti, fui ridículo. Sem charme. Longe da tua perfeição tão pura, tão simples.
Sorriste-me, deslumbrei-me. Falaste-me dos teus sonhos,e eu sonhei. Beijaste-me, e eu nasci.
Seguraste-me, e eu vivi. Apaixonei-me. Dei-te. Deixaste-me, e eu morri. Não recebi. Deixei-me. Esqueci-me.

Galgando a imaginação

Filmei esta poesia em raras
 
lembranças que se apressam
 
na viagem do tempo
 
galgando todas as adversidades
 
vencendo todos os medos
 
que desencorajamos
 
em sonhos e cumplicidades
 
 
– Buscamos na imaginação
 
nossas efemérides vestidas
 
na itinerância de tantas primaveras
 
onde adormeço minhas atónitas

Dente de Leão

Um rugido sai de um dente de leão
O teu pai é careca? O meu é que não
Enraizada a noite sem confusão
De dia casca de pinho no chão
 
Reflexo de luz com imperfeição
Vê-se poesia até no lixo do chão
Até se encontra um bocado de pão
Migalhas inúteis ou um garrafão
 
A perfeição arrasta o rim
Em patas que pousam em mim
Um voo que acaba por fim
No sítio de onde eu vim
 

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