A sombra

Na ausencia da sua sombra
oculta o segredo iluminado
dança na luz tenue da rua
suspenso gesto de magia.

Sob o cheiro azedo da espinha
conduz o gato preto que mia
nas curvas graves da melodia
da lata que rebola no beco.

O homem mero vulto disforme
deixou a sua sombra sozinha
aventura-se no portal entreaberto
através da alma da sardinha.

Algures afogada no mar alto
quase morta  ao lado da lua
nas escamas sob o sapato,
já no outro mundo e sozinha
a sombra devorou o gato.

Sem o coração querer

 
Ainda era cedo para a partida
mas partiste,
sem liturgias nem palavras
por revelar
deixaste-nos um vazio
sem hora de encontro
nem lugar para despedida
 
mas partiste...caminhando e semeando
nas quatro estações do amor
um abraço
que nunca te dei...
uma lágrima triste que solitária,porém
entoa um hino
às nossas memórias,como anjos
que saiem pelo infinito céu,

Pages