monstros

no negro da noite

monstros
passeiam-se pelas vielas

medo
sono
cansaço

abraça o frio
e adormece

esta noite trato eu deles

os teus monstros
os meus pesadelos

os que vivem debaixo da minha cama
os que habitam dentro da minha cabeça

o coração bate forte

esta noite os nossos monstros estarão juntos

DEVANEIOS

DEVANEIOS

Anda vem acariciar meu corpo
Nu e despido de preconceito,
Vem ímpia, pura e sedutora
Aquecer meu espírito em meu leito,
Vem perdida nesses teus olhos
De amor que enamoram o luar,
Vem dar-me um beijo quente de sonho
Para meu desejo arrefecer e saciar.
Vem aquecer meu corpo com o teu,
humedecer meus lábios
Secos e sedentos de desejo
Como o sol no seu apogeu
Da lua esperando um beijo.
Anda subir e descer o universo
Cruzando estes caminhos singulares
Do amor mais perverso 
Neste natal de prendas jubilares.
Vem caminhar na neve gélida
Neste frio de lembranças deleitosas
E unir os pés com minhas mãos
Como um embrião inseparável,
Anda vem acariciar meu corpo
Que se derrete como neve em pranto
Nesta paixão delirante e inconsolável
Que trespassa este corpo branco
De febre gélida e imensurável.
Corre em nós a poesia e o pranto
Corre em nós o amor e o desalento
Foge de nós a paixão como o vento,
Sobra de nós um desejo e um canto,
E na cobardia e nos devaneios do momento 
Ficam as prendas os gestos e as palavras
Aquecendo este festivo nascimento.

Jorge Manuel Ramos

 

De nada vale sonhar.

Espero nunca mais beber da saudade
Não depositar horas em cima do balcão
Não desperdiçar horas deitado no chão
Voltar a sonhar, despido de sagacidade

Que a saudade não volte mais
Que fique apenas a vontade
Que fique apenas a verdade
Que seja verdadeiro quando dizes que não vais mais
Verdade que ficas.
Que ficas.
Que ficarás…

Entre margens

Entre margens
 
Então, deixa somente
que o vento corra por nós
e entregue no tempo que cede
uma brevidade lânguida e súbita 
nas gotas de chuva que caem
 
colorindo teu galope atado
ao corcel louco desenlaçando
o uivar dos ventos
florescentes errantes
decapitados entre margens
desprendidas ao acaso
 
entre rios dançantes que ressoam
e ressoam famintos por atingir 

No meu recato

No meu recato
 
tenho uma metade em mim
apaixonada e dispersa
que nada teme
que tudo sustém, 
aqui no recato do meu mundo
mas não sou de ninguém,
sou um todo fecundo
oriundo, infinito e quântico
sempre mais aquém do que além
e que se achega mais a ti
muito, muito devagarinho
FC

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