Recados Etéreos

Perturba o silêncio dentre a noite vaga

o ruído dos que perfuram astros.

Mandam recados em forma de pó de estrelas.

Quando caiem sobre as casas

a meia luz, a meia noite

se contorcem formando letras.

Do telhado se avista:

Inunde nos sonhos dos que

desejam a luz do sol pela manhã,

a serenata da paz plena.

Cumplicidade

Cumplicidade
 
Metade de mim 
partiu daqui
está acolá no infinito céu
reagrupando
todas as estrelas no teu firmamento
 
agora é assim 
sabes
de um lado a poesia bravia
meus sonetos absolutos 
incinerando outros verbos
mais que profanos
contrariando saudades
do outro
fragmentados átomos de beleza
que por aqui se deslumbra

O passado... passou

O passado...passando, ou começar de novo
 
Assim como ontem 
deixou por fim de existir
assim nada hoje existe mais,por revelar
senão um passado, passando,açoitado
 
passageiro, ligeiro
alienado e tantas vezes aventureiro
sorrateiro me absorvendo até por inteiro
 
neste espaçado e dissimulado tempo
onde o amanhã ainda 
não abriu sequer as pálpebras ao dia
 

Escrever nos olhos

Deixa a solidão escrever nos teus olhos
Deixa a liberdade falar na tua boca
Deixa o amor apetecer nos teus lábios
Deixa o teu corpo ser uma amante louca
 
Escreve com os olhos o que a boca não diz
Deixa o coração em pânico com a alegria
Escreve no quadro negro com os dedos de giz
Olha-me na noite com tua alma solitária e fria
 
O livro que inventas ao escrever a solidão
são páginas murmuradas por teus lábios

A ausência esvai-se

E a cada momento a ausência esvai-se
Como que se esvai em sangue
E a cada momento a ausência esfuma-se
Como se esfuma a tempestade na calmaria
 
Não é um momento de loucura
Não é a tempestade do momento
Não é uma lucidez da luz da vela
Não é a noite a chegar ao dia
 
Não é a luz, é a chama
Não é a água, é o gelo
Não é o momento
Não é a respiração
Não é a mão que te dou
Não é...

Pages