Ancestralidade-Mulher

                 Ancestralidae-Mulher

 

Vem de longe, Mulher, a tua história!

Da alvorada do tempo, em expansão.

Entre feras e medo e ramaria,

Foste fêmea e mãe, na escravidão!

 

Sob malvada e besta tirania

E a coragem ocultada em mansidão,

Ousaste Mulher! Com sabedoria.

Sobreviveste  pela força da razão !

 

Hoje, a tua voz inda é calada

Por forças obscuras, de olhar de breu.

Tua vida, comandada, aprisionada...

 

Desse tempo ancestral, dessa alvorada,

Girou o sol e a terra engrandeceu !

Só a mente d' alguns ficou parada !

PROCURA


Procurei-te nas noites de insónia,
Quando na memória,
Vagas,
Apressadas,
Passavam desvairadas,
As imagens;


Procurei-te no silêncio das madrugadas,
Quando derrotadas,
Ôcas,
Destroçadas,
As esperanças sucumbiam,
Às imagens;

Liberdade

Liberdade
 
Ganhei no tempo
toda a tristeza embelezada
em gomos de suposta felicidade
sei que talvez ela me vença
e eu mesmo assim
talvez nunca me convença
pois esta saudade 
aqui jaz semeada
no leito conformado
onde corre a tua ausência 
e onde se afogam ainda
mais arraigados na 
invencível nossa liberdade
toda repleta de esperanças
submergindo oceânicamente

A Borboleta

A borboleta
 
Ao fim de muitos dias
assim passados
no casulo intemporal
onde tecemos o ninho da borboleta
lá saimos completando o segredo
tantas vezes reprimido
outras tanto realçado 
nas asas do vento que leva
mais um pouco de nós mesmos
perfumando até o tempo dissuasor
com o perfume de cada semente
que choraminga de flor em flor
desprendida poisando
entre mágoas fiéis

REDE GLOBO

REDE GLOBO

 

Parece que a minha alma não cabe em mim, eu sinto isso e não é de hoje. Meu estômago é maior do que eu. Minhas ambições não são particulares, nem tenho um sonho só pra mim. Não consigo ver gente que gasta 10 milhões numa pedra de diamante, numa propaganda na TV, enquanto eu vejo crianças nos lixões. Eu não consigo sentir a mim apenas, sinto a mim e mais uma nação.

 

Ao Cais

Ao Cais

Quase toda tarde eu vou ao cais. Pra nada, pra ver os barcos, contemplar, meditar, limpar a mente do barulho das ruas. Há tantas histórias no cais. Barcos que nunca saíram do cais, barcos que nunca voltaram. Histórias de pescadores, cheiro de peixe, maresia, barcos fantasma que rondam o cais de madrugada.

O cais é um lugar peculiar, frequentado por gente sem identidade, sem rótulo, sem amarras, sem âncoras. Compositores, escritores, músicos, poetas, marinheiros, o engravatado que comprou seu primeiro barco. Madames que morrem de medo de água e não sabem nadar, nem confiam nos coletes salva vidas.

Há uma atmosfera incrível no cais, um misto de assombroso e sereno. O cais é um lugar perfeito pra quem tem uma mente tranquila, mas tem a alma explosiva.
 

Charles Silva - Textos

 

A ESTRADA DOS VAGALUMES

A ESTRADA DOS VAGALUMES

Tu és uma prisioneira do passado
Arrastando consigo o medo equivocado
De amar e não querer romper as fronteiras
Que trancou o seu coração entre mil barreiras.

Veja os vagalumes que no escuro brilham;
Sem perceberem que suas vidas centelham
Clareando a estrada na escuridão noturna
Valorizando a felicidade como se fosse uma fortuna.

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