SENTI-ME UM DEUS

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Nestes catorze versos criei lume,
Com palavras nascidas de um acaso;
Cada palavra viva é mais que um caso:
É uma flor que inebria com perfume.

Nestes versos criei intensidade,
Na folha de papel nua, sem cor...
Para ser alegria ou até dor,
Todo o momento tem uma verdade.

Sem as palavras, não existem versos;
Sem os versos, não brilham sentimentos
Nos peitos solitários e dispersos...

Aqui ou em Havana

Aqui ou em Havana
 
Aqui jaz
este meu puro espaço
agasalhado a esta erudita vontade
nunca negada
sempre aplaudida
quando rumo ao teu cais
e de imediato mergulho
meu navio transbordando ondas
lúcidas de mim
convertidas em marés vagas
e sois diurnos apaixonados
 
São só os meus cantos
que o mar ovacionando beijava
aqui onde o Tejo descansa
ou em Havana

No Calor do Inverno

Sinto falta do Inverno
Do frio na rua
A chuva lá fora…
Que bate copiosamente
No estore, a cada manhã de sábado.
 
Os nossos corpos cobertos
Tapados com os beijos quentes
Um corpo sobre o outro
O teu olhar sobre o meu olhar
Sem falar
Só a respirar
 
E no fim,
Só o silêncio ensurdecedor…
O silêncio a transbordar…
 
Um pé e o outro

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