Uns e Outros

Uns e Outros

O rochedo interrompia a melodia da planície
cravado nas entranhas gritava raízes ocas
cavernas escuras habitadas por outra espécie
de homens rastejantes de posses poucas

grutas sem fim ocultavam o outro lado do mundo
sob os pés dominadores do homem da superfície
Donos da verdade e da luz ignorando o fundo
apontavam ao céu sem escutar a harmonia da planície

Tudo passa...

Tudo passa...
 
Disseram-me ontem
tudo passa
abri então as mãos
pra ver se entre os dedos
minha vida por ali se desenlaça
num laço onde tudo se acaba
esvaziada pelo ar quente
deste imenso verão
que tão tarde de tanto se espreguiçar
não há meio de evaporar
entre tantos sofridos nós confessados
e atados a tudo que se desata enfim
 
Passou por fim
a mesma calma maresia

TALVEZ

talvez eu não tenha tempo

para poder resolver tudo

talvez me falte o alento

e por vezes possa ficar mudo

 

talvez eu mude um dia

procurando pela alegria do amor

talvez eu espere por melhor da fantasia

para com isso substituir o pior

 

talvez eu acredite no destino

SAUDADES

SAUDADES !!!

Saudade me atordoa, tira-me o sono.
Minha cama viaja num voo solitário
Provoca meu corpo entre os lençóis
E abraça meu travesseiro sedentário

Olho o tempo sem espaço para nós
Entristeço-me pelo abandono sofrido
Meu coração cansado e desfalecido
Isolou-se neste estupefato interdito

Há quanto tempo não te tenho!
Meu corpo inerte, já sem equilíbrio.
Despenca neste precipício abusivo

Ao abandono

Ao abandono
 
Gravito no escuro,
enquanto procuro
no breu da vida
acender um fósforo
que ilumine as sombras
que transitam
pelos armários e cabides
em todos os lugares
fatalmente encurralados
onde afinal nunca
me acharás
ou eu provavelmente
até nunca me esconderei
 
Será que alguém
qual prodígio desta vida imensa
simule a tua voz, o mesmo sorriso

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