ENTRISTECIDO

Por que fogem os ares que respiro
E me sufoca este desejo intenso?
Por que eu vivo mudo em meu retiro,
Quando posso bradar tudo o que penso?

Em meu coração de amores sedento,
Nenhuma nota alegre preludia...
Eu sou de minha sorte um frio detento,
Sou quem caminha contra a ventania!

Se no confim celeste que me encanta,
Sequer um lume invoco descontente,
Afogam-se estes astros como Atlântida
De nuvens numa infinita torrente.

DESEJO ABAFADO

DESEJO ABAFADO

 

Que posso dizer neste presente,

Mesmo ao seu lado, você ausente,

Neste sentimento calado,

Que você tornou-se abafado.

A falta é grande e imatura,

A saudade é longa e tediosa,

Preciso de você em minha cultura,

Pois, coração é fera gananciosa.

Vagarosamente você se afasta,

O NADA.

O NADA.

Somos capazes de tudo,

De tudo não sai nada,

E seguimos nessa salada,

Sendo a vida jornada.

Tudo é vida e nada,

Amantes somos da fada,

Vivemos de ilusões,

E, morremos como nada.

Caminhamos e pensamos,

Ao encontro dessa fada,

Passam-se vários anos,

E deparamos com o nada.

Somos da vida um terror,

Do nada apareceu o horror,

Convivendo no sagrado amor,

E revivendo sem dor.

Autor: Roberto Mello (Dodô).

Pages