ESSE AMOR

esse amor, que um dia se julgou meu
não foi mais do que o sonho de uma noite
alguém que por entre a bruma desapareceu
carregando muita desenvoltura e afoite

 

implorando por atenção na vida me apareceu
envolto no mistério da sua capa de paixão
atacou quando a noite em mim escureceu
partiu antes do dia amanhecer, deixando a ilusão

 

Quietude

Quietude
 
Bebendo na quietude 
das cachoeiras celestiais
vou por aí ousando e calcorreando
as planícies
deste imenso céu
assombrado pela longitude arquitectónica
das palavras espúrias 
nunca ditas,
e sempre
quantas vezes quero
que reflitas
no perfil severo deste verso
previsto no meu estado de ansiedade
às vezes por mim abandonado
ao reverso da rima mais temperamental

NOITE SEM DORMIR

sem sono, envolta em sonhos orvalhados

caminhando pela areia da praia

pensando na vida e nos momentos lembrados

acompanhada das ilusões de uma catraia

que da vida muito esperava

só tendo encontrado nela o quase nada

do muito que com a vida sonhava .

escuto o som revoltado do mar

terminando na onda enrolada na areia

Dióxido de carbono

O maior erro da vida é o medo de falhar, é o medo que reina no espaço desse pensamento, como consegues lidar e quanto é o teu estomago forte para aguentar.           A natureza não é perfeita por muitas razões paralelas, o teu corpo também não é perfeito, é humano. A dor da falha ajuda a melhorar o teu conhecimento, abre também portas novas, onde podes escolher com mais sabedoria e aptidão.

Essência

Ah! Quem me dera viver na sabedoria dos ignorantes,
Daqueles que nada sabem
E que muito têm a ensinar
A esta gente desumana.
Ah! Quem me dera não me esconder atrás de nomes falsos
Ser apenas aquilo que sou
Nada além do concreto
Verdadeiro, material.
Quem me dera não conhecer a sabedoria falsa desta gente
Que vive na miséria da alma
Por não querer ter alma.
Queria viver como aquelas pessoas
Que vivem na essência do não saber
E do tudo compreender.
Queria ser chão para ser pisoteado

no Alentejo

Homem dum raio mais torto que um garrocho
ateimando em ir na outra facera
bota cardada e o chao escorregadio
eu vi logo que havia batacu no troço.

Ainda mandou as gadanhas à ombrera
O natibó disse desamparado e já tardio:
desconfiqui isto escorrega!
grande foirada!! Cair assim também é arte!

Sorriosta que por aqui ja nã vô
levantosse, encarnado como um tomate
sacudiu as calças de saragoça
e ganiu:
Menino bonito nã chora.

Pausa no tempo...

Pausa no tempo
 
Hoje apenas quero ser só teu exílio
recolher-me tão simplesmente
num sopro de vida
conseguir nem que seja
uma só pausa no tempo
pronúnciar estas palavras
que nunca direi
eu sei
pois chegarei ávido a este concílio
onde somente nós e jamais outros
entrarão num imenso
e casto entardecer
porque já por fim deixei
derramado meu riso e meu pranto

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