Doravante

       DORAVANTE

 

Doravante

Vou fingir-me ignorante

Vou olhar e só ver o que eu quiser.

E, nesta hipocrisia de  estar, 

Vou ser só mais uma entre milhares.

Doravante

Vou sentir outros sentidos,

Vou ser alheia e distante

Vou ser cega e impenetrável,

Inútil e imprestável.

Doravante

Vou sorrir fingidamente

Calar-me cobardemente.

E, nessa versatilidade arrepiante, 

Mudarei de faceta num instante !

E depois,

Neste estado entediante

Vou fitar-me bem de frente

Pensem as sétimas palavras

Quem diz como as coisas são?
Estou a questionar-me
devido a ilusão
de estarem sempre a pressionar-me.

Esta ilusão faz com que fique farto;
Tanta pressão
e, depois, quando passo para o acto,
uma desilusão.

Querem que, também, seja como vós?
De ser por ser,
até viver esperando que o deus atroz
me venha comer?

É assim que zelam pelo futuro?
Ver quem somos
se desvanecer no escuro
e, ainda, contribuir para oprimir
o futuro que fomos?

Apenas isso!

Um simples átomo
Um grão de mostarda
Um animal racional
É o que somos. Apenas isso.
Nada mais.
Morrer? Nascer? Viver?
Dinheiro? Miséria?
O que importa?
A felicidade, é apenas uma curva
A vida, a rua
Nenhuma surpresa
Somente o que planejamos
Onde está o sentido disso?
Onde está o espetacular?
Se no final seremos varridos
Para o novo continuar o mesmo ciclo

A HÓSTIA

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Hoje li um poema
Como quem toma uma hóstia.

Nem sempre a poesia – tal qual a vida –
Possui este arrebatamento transcendental.

Sei que existe magia em meu redor,
Mas ela não está sempre disponível para mim.

A minha cabeça está pouco tempo livre
E no meu ser manifesta-se esta incapacidade:

Umas vezes, quero e não posso;
Noutras, posso mas não me predisponho…

E a vida arrasta-se num somatório de promessas adiadas!

LÁGRIMAS EM FLOR

Que te regues por si só, minha pequena margarida
E que não haja nesse mundo quem lhe possa acalentar
Pois só assim descobrirás que não é só a luz solar
Que lhe irradia essa vida sedutora e tão querida

Que te valas por si só, com nada mais que acrescentar
Que nem o brilho das estrelas nem a forma de sua vida
Ora conduzam tua alma tão sincera e tão ferida
Para os ventos desse mundo que não passam de algum ar

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