Ás vezes a saudade brinca comigo

 

 

Ás vezes a saudade brinca comigo.

Creio que é para ajudar-me a suporta-la.

Sei, ela precisa mesmo de mim.

 

Necessita progredir...

Carece de ser marcante e absoluta.

Quer ser a melhor saudade de todas as saudades.

 

Ah! E eu fico aqui, entregue aos seus caprichos,

Apenas soltando alguns gemidos perdidos entre densos suspiros.

Ao mesmo tempo em que algumas lágrimas,

brincam de banharem um sorrisos que escapuliu.

 

Libertas

Sinto que as hordas dos homens da direita
seguram os meus versos e tentam calar os meus desejos.
São os velhos censores da nova Ditadura
que em sua medíocre patrulha
buscam a nós outros, os tolos insanos
que abriram a boceta de Pandora
com a dúbia esperança de arautos da bonança.

Doravante

       DORAVANTE

 

Doravante

Vou fingir-me ignorante

Vou olhar e só ver o que eu quiser.

E, nesta hipocrisia de  estar, 

Vou ser só mais uma entre milhares.

Doravante

Vou sentir outros sentidos,

Vou ser alheia e distante

Vou ser cega e impenetrável,

Inútil e imprestável.

Doravante

Vou sorrir fingidamente

Calar-me cobardemente.

E, nessa versatilidade arrepiante, 

Mudarei de faceta num instante !

E depois,

Neste estado entediante

Vou fitar-me bem de frente

Pensem as sétimas palavras

Quem diz como as coisas são?
Estou a questionar-me
devido a ilusão
de estarem sempre a pressionar-me.

Esta ilusão faz com que fique farto;
Tanta pressão
e, depois, quando passo para o acto,
uma desilusão.

Querem que, também, seja como vós?
De ser por ser,
até viver esperando que o deus atroz
me venha comer?

É assim que zelam pelo futuro?
Ver quem somos
se desvanecer no escuro
e, ainda, contribuir para oprimir
o futuro que fomos?

Apenas isso!

Um simples átomo
Um grão de mostarda
Um animal racional
É o que somos. Apenas isso.
Nada mais.
Morrer? Nascer? Viver?
Dinheiro? Miséria?
O que importa?
A felicidade, é apenas uma curva
A vida, a rua
Nenhuma surpresa
Somente o que planejamos
Onde está o sentido disso?
Onde está o espetacular?
Se no final seremos varridos
Para o novo continuar o mesmo ciclo

A HÓSTIA

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~

Hoje li um poema
Como quem toma uma hóstia.

Nem sempre a poesia – tal qual a vida –
Possui este arrebatamento transcendental.

Sei que existe magia em meu redor,
Mas ela não está sempre disponível para mim.

A minha cabeça está pouco tempo livre
E no meu ser manifesta-se esta incapacidade:

Umas vezes, quero e não posso;
Noutras, posso mas não me predisponho…

E a vida arrasta-se num somatório de promessas adiadas!

LÁGRIMAS EM FLOR

Que te regues por si só, minha pequena margarida
E que não haja nesse mundo quem lhe possa acalentar
Pois só assim descobrirás que não é só a luz solar
Que lhe irradia essa vida sedutora e tão querida

Que te valas por si só, com nada mais que acrescentar
Que nem o brilho das estrelas nem a forma de sua vida
Ora conduzam tua alma tão sincera e tão ferida
Para os ventos desse mundo que não passam de algum ar

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