O Corpo em que me Deito

Nos umbrais do desejo

Ouve-se a voz de uma criança

No destemido firmamento

Nasceu a esperança

 

Como fora de ti

Sentes uma dor no peito

Em ti ainda pulsa

O ardor do teu leito

 

Tão longe de ti

Ainda arde aquela chama

De um coração selvagem

Que a inocência reclama

 

Coração faminto

Que saltas de prazer

Na eterna juventude trazes

A rebeldia em teu viver

 

Além de ti

Nada mais existe,

Do que um mundo

Que para ti subsiste

 

AO QUE ME ÉS FLOR CRESCIDA ENTRE GUERRAS

Pois que trema toda a terra e que se rache em mil pedaços

Despertando mil vulcões que desçam sangue e também lava

E o que o céu se escureça em sua tormenta vil e brava

Pois aqui eu estarei com minha flor entre meus braços

 

Pois que o mar de negro amor cale a coroa de vez flava

E que o vento mais sarcástico rompa lágrimas e laços

Que o deserto mais sombrio nos engula quaisquer traços

Pois aqui eu estarei com milha flor de pele alva

 

Pois que o mundo se acabe, nada mais tem importância

Querer-te e deixar-te ir

Porque por eu me sentir mal não quer dizer que toda a gente se sente mal.
Porque por eu pensar nas pessoas
não quer dizer que as pessoas pensam em mim.

Porque por tu me fazeres falta,
não quer dizer que eu te faça a ti.

E então eu levo-me como sempre levei,
Talvez um bocado mais infeliz.
(Eu não quero ser rei,
nunca vi um feliz.)

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