Nossos

Ao longo da vida seguimos destinos,
escolhido ou não,
não importa cada um tem o seu.

Ao longo da vida conhecemos pessoas,
escolhidas ou não,
partilham trilhos do caminho.

Ao longo da vida perdemos uns,
encontramos outros,
escolhidos ou não.

Mas há aqueles que ficam
e no percurso do destino levamo-los connosco,
mesmo já longe,
perdidos no passado serão sempre nossos,
escolhidos para sempre.

um sonho

Permaneço hoje aqui
nesta promíscua cabana
onde tu e eu nascemos
Existe um objectivo
meta final, fim
O FIM
Praia ofuscante
noite
alimentação sistemática
do desregramento de todos os sentidos
Modificadores de consciência
levam-te pela estrada de coral
até ao palácio da sabedoria
Aí vive O Rei
Homenzinhos de fatinho escarlate
acampam
nos teus jardins privativos

sonho

Era noite.
Na escuridão, cintilavam pequenas estrelas.
Abriam-se e fechavam-se os olhos castanhos
daquele rosto alegre.
Ouviu-se, no meio daquela noite quente, o miar de
um gato perdido! no momento, caíra em cima da
minha cama uma violeta, tal qual os olhos, aqueles
olhos sensuais que me prendiam!
Fui convidado a amar...
Perdi o senso do lugar,
o senso do momento e perdi-me na noite...
E amei!...

a ti

Aproximação, silêncio total
Sangue, sexo
Pesadelos nas ruas de néon
Extensos desertos
Um refúgio
Lá fora, o apelo da boémia
Um mar de asfalto
Não, não vou só
Uma garrafa de gin e um cigarro
Para apaziguar as dores
A escrita é meu refúgio
Minha alegria, minha dor
Vivo constantemente
Num ritmo alucinado
Estou só
Nas entrelinhas de cada frase
Está o corpo que as gerou

Meiga noite

Refaço os passos,

Mudo de rumo.

O norte pode estar no sul.

Há coisas estranhas entre o céu e a terra,

Entre a terra e o mar,

Entre você e eu.

Não havia nada, 

Apenas um cigarro moribundo no cinzeiro,

E o teu silêncio a me atormentar.

 

Na mansidão dos teus lábios,

Encontrei o meu melhor recanto.

E fui jogado ao canto,

Ao pensar em perder-te.

E perdido encontrei teu encanto,

No sorriso que desabrochava,

No teu silencioso canto.

 

Questões sem resposta

“Questões sem resposta”
Pela noite dentro escreves palavra a palavra,
dás cada passo, a cada voz que ouves na tua alma,
uma memória à distância de um guiar nessa estrada,
tanto frio está,nessa beleza de acentuar e te deixa desamparada.

Cocktail explosivo num terno sabor a absinto,
teu beijo com sabor a licor nos teus lábios que sinto,
essa chama de fogo ardente num sorriso,
num querer esquecer mas o controle é fraco e indeciso.

ONDE NASCE UMA POESIA SEMPRE COMO POESIA VIVERÁ

Não me venhas de teu mundo que fulguras de anil

Pretendendo que eu vislumbre esse teu cântico naufrágio

Ao som das vozes tão vorazes que soletram nosso adágio

E por fim se dilaceram como um verbo mais senil

 

Não me digas que é honesto o teu folclórico sufrágio

Nem imponhas ao bom grado o que de fato seja vil

Velejando as correntezas que espargem cantos mil

Que não trazem mesmo nada e nem se alinham em presságio

 

Não me digas que é certeza o que não tem explicação

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