a ti

Aproximação, silêncio total
Sangue, sexo
Pesadelos nas ruas de néon
Extensos desertos
Um refúgio
Lá fora, o apelo da boémia
Um mar de asfalto
Não, não vou só
Uma garrafa de gin e um cigarro
Para apaziguar as dores
A escrita é meu refúgio
Minha alegria, minha dor
Vivo constantemente
Num ritmo alucinado
Estou só
Nas entrelinhas de cada frase
Está o corpo que as gerou

Meiga noite

Refaço os passos,

Mudo de rumo.

O norte pode estar no sul.

Há coisas estranhas entre o céu e a terra,

Entre a terra e o mar,

Entre você e eu.

Não havia nada, 

Apenas um cigarro moribundo no cinzeiro,

E o teu silêncio a me atormentar.

 

Na mansidão dos teus lábios,

Encontrei o meu melhor recanto.

E fui jogado ao canto,

Ao pensar em perder-te.

E perdido encontrei teu encanto,

No sorriso que desabrochava,

No teu silencioso canto.

 

Questões sem resposta

“Questões sem resposta”
Pela noite dentro escreves palavra a palavra,
dás cada passo, a cada voz que ouves na tua alma,
uma memória à distância de um guiar nessa estrada,
tanto frio está,nessa beleza de acentuar e te deixa desamparada.

Cocktail explosivo num terno sabor a absinto,
teu beijo com sabor a licor nos teus lábios que sinto,
essa chama de fogo ardente num sorriso,
num querer esquecer mas o controle é fraco e indeciso.

ONDE NASCE UMA POESIA SEMPRE COMO POESIA VIVERÁ

Não me venhas de teu mundo que fulguras de anil

Pretendendo que eu vislumbre esse teu cântico naufrágio

Ao som das vozes tão vorazes que soletram nosso adágio

E por fim se dilaceram como um verbo mais senil

 

Não me digas que é honesto o teu folclórico sufrágio

Nem imponhas ao bom grado o que de fato seja vil

Velejando as correntezas que espargem cantos mil

Que não trazem mesmo nada e nem se alinham em presságio

 

Não me digas que é certeza o que não tem explicação

HARMONIA CELESTE

Vem de ti, quando erras pelo areal
A longe teu palácio de cristal
Olhando, toda a candura infinita,
O orvalho que dos olhos do eremita
Fulgura numa manhã radiante.
E, como se isso não fosse o bastante,
Vem de ti as alvas pombas do céu,
Dos campos lautos o fagueiro mel,
Os anjinhos que brincam no ribeiro;
O teu olhar casto é um celeiro,
Onde se encontra da vida o tesoiro,
Onde resplendem os sonhos vindoiros.
Teu perfume na corbelha de flores
Causa no seio intensos amores.

Beta azul

Era só um peixinho!

Suas nadadeiras pequeninas...

E azul suas barbatanas.

E eram enormes!

O peixinho nadava veloz .

Em seu aquário ele brincava.

Mas...Um fungo malvado!

Atacou o peixinho.

E agora ele jáz.

Morto inanimado.

Que dó do coitado!

Brumas do desejo

Se teu corpo é a única Ilha no oceano
Como poderei eu não o desejar?
Quando à minha volta tudo é insano
E o meu coração, ninguém sabe amar!

Se a Lua se esconder em teu olhar
Como poderei eu encontra-la?
Quando a caravela no gelo encalhar
E a neblina teimar em abraça-la!

Como chá calmante de erva-cidreira
Anseio beber dos teus lábios um doce néctar
E, em teu coração mergulhar como numa banheira…

Pages