Se

E se um dia
por descuido me vires chorar,
finge não ver
esquece e vai em frente.
talvez chore
apenas por nao saber amar
e lavar em lágrimas
o coração ausente!

Ruído

Ruídos

As vezes ouço vozes "não faças"
ruídos venenosos batem nas orelhas
são os agouros simpáticos das desgraças
os pastores assumidos das ovelhas
os abutres eruditos da nossa praça.

eu faço

cago para os senhores doutores
para as vozes sangrentas destes críticos
prontos no sorriso a espetar o punhal
serei sempre eu e sem pudores
a fazer nem que seja aos gritos

mais alto que as ameaças dos olhares
ignorando o ruído de  quem diz mal.

A Destruição

O mundo da voltas
O amor se esfria
E se cumpre o que diz a profecia.
A dor toma conta dos corações
O ódio eo rancor virão armas na mão das mutidoes
A tristeza a escuridão as travas a maldição
Coisas que atraem as guerras e matam toda uma geração.
Pra que todo esse ódio?
Prã que toda essa guerra?
Se quando a Paz a festa.
Se quando a Amor
O mundo não necessita de toda essa guerra.
A solidão o desespero de quem perdeu os seus anseios
O mundo se acaba
se termina
Tudo por causa de uma geração

vigía

Era noite
Melodias ecoavam nos céus
No instante
A presa tornou-se fera
Vigia
Os índios passeiam
À beira da praia
Mulher
Imaculada de branco
Um murmúrio
Um gesto
Uma partida
 
E os índios continuam
No alto da colina

Bruma

Talvez alguma Lua
vença esse escuro
que a janela faz retângulo.
E, talvez, essa solidão das Gerais
siga a bruma que se perde pela serra.

Talvez um poema antigo
reviva em alguma gaveta
e o amor nele cantado
dance nessas pedras molhadas,
não sei se de chuva,
não sei se de saudade.

 

póstumo

um repasse escuro e frio na parede caíada
a brisa gelada que foge esguia pela janelas
é a noite mais longa que impede a alvorada
apagando o sol posto pintado em aguarelas

Traços tremulos riscam rugas da mão mais velha
banham-se pincéis gastos em copos de cerveja
e a tela que nasce no corpo amante quase filha
minha e da sorte maldita da pintura a aguarela

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