Esperas

"Porque o amor é a coisa mais triste quando se desfaz..."
 
Eu sei que agora ando só,
que as noites escondem as estrelas
e me furtam a luz que o Sol trazia.
Mas como há em Vivaldi
a renovação de toda Primavera
eu sinto que no peito
já brota uma nova espera.
 
 
 
- Da poética de Baden Powell e Vinicius de Moraes.

INFÂNCIA AMADA

Na grama, observando nuvens,

Nós, em crianças brincávamos!

Deitávamos, vários!

Lado a lado!

Meninos e meninas.

Em inocentes tocs,

Sempre, para chamar a atenção,

As formas de bichos, duendes...

castelos, mágicos!

Que densas nuvens, se tranformavam.

Coisas... de nossa imaginação!

Passávamos horas... e horas!

Escarrapachados sob o sol.

Sem protetores solares, repelente.

Sem nada! Sómente nós.

Protegidos, pela infância amada.

 

ALQUIMIA DO TEMPO

DO TEMPO

Corro em volta do pensamento
Porfiando um amor que em mim se fechou
E nele, ecoam as vozes que o tempo calou
Afogadas na mordaça do pântano do lamento.

Por águas turvas em cinzenta espuma
Um derradeiro olhar para te encontrar
Na espiral de vultos que levitam na bruma.

Batem asas de anjos nos meus ouvidos
Sinto na minha pele o aroma do teu perfume
Sinto na minha a tua boca rosa de lume
Estrebuchando a alma despertando os sentidos.

LUZ DE MINHA ALMA

Um dia , a tristeza!

bateu em minha porta.

E eu! Sentindo-me só.

Deixei, a tristesa entrar!

E triste, vivi...perdida.

Até...ver você chegar.

O sorriso, brilhou em tua face!

Tuas gargalhadas...

Viraram música, para meus ouvidos!

Não lembro mais os porquês...

De minhas tristezas.

Mesmo porque!

Os por quês, não importam!

Quando se está feliz...

Quando se está a amar

Defunto

Brando este sono e me abraço
Em meu corpo defunto e me desfaço,
Em mil terras, larvas, e coisas parvas...
É meu sono profundo, e meu resto é teu mundo.

Baloiço que é vida
Sobe, desce e que cresce.
Curva de sina - linha sentida;
Saltam-me os pés, camarada,

Saltam-me, e de mim saem.
Descobrem desertos e ventos de marés,
Desenham-me em vida, porém
Apenas eu sou, porque tu és.

E o corpo me queda...
Num silêncio acrescento
E não sei se me aguento
Neste sono que é seda.

ELA CORRE NA AREIA DA PRAIA

Como a tenra maré que desliza
E no doirado solo se espraia,
Cheia de doçura e sutileza
Ela corre na areia da praia.

Como a brisa da tarde inquieta
Que seu suspiro mimoso ensaia,
De pés descalços e riso singelo,
Ela corre na areia da praia.

Como a sombra da palma tremente
Ou no mar a misteriosa arraia,
Exibindo seu infindo encanto
Ela corre na areia da praia.

Como a musa que me acorda o pranto,
Perseguindo as cores da jandaia,
Ouvindo a voz de sua inocência
Ela corre na areia da praia.

A LIBERTINA

Oh! Tu, que solitária na calçada
Qual estátua espreita a luz do nada,
Deixa-me infundir-te este casto amor,
Lançar em teu corpo o folgar da sesta,
Pálida sombra que o pesar atesta
- Tu és p`ra mim a pudica flor.

Embora verta teu olhar profundo
Toda a mágoa que possa haver no mundo,
Amo o fulgor que na noite se espalha.
Sonho-te minha, por algum momento,
Guardo comigo teu atroz lamento,
Dele enfim faço uma mortalha.

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