O teu olhar

Nas margens da mágoa

Despedi-me da minha dor

Faz frio no breu da noite

Mas sem dor cantam sóis em labaredas

Na fogueira da paixão

Ardem as mágoas que abandono

E nos silêncios que percorro

Abro asas aos sorrisos

Rebento barragens de solidão

E escorro, rio alegre

Nos caminhos sinuosos desta vida

Onde o mar encontra o céu

No horizonte já ali, tão distante,

É o meu destino… o teu olhar!

Apenas eu

Não me apetecem poemas

As palavras perdem-se no vento

Rebolam na lama

Não me apetecem poemas que falem de flores e de sol

Quero verdades

 

Quero de volta os meus silêncios

Os vazios onde me perdia

As solidões onde me abandonava

 

Já disse não

Sentidamente

 

Irritam-me os falsos sabedores

Perturbam-me os deuses de barro tosco

Quero a cinza dos caminhos

As vielas pardacentas

Os rios lavados de mágoas

 

Quero ondas a desfazerem

Miragens sem desertos

Breve, tão breve!

BREVE, TÃO BREVE

Breves, as palavras breves,
dos dias sempre curtos
a quem sente contínuas exaltações.

Breves, os sonhos breves,
dos projetos sem planeamento
a quem passa com a cabeça nas nuvens.

Breves, os sentimentos breves,
dos frágeis olhares vítreos
a quem vive distante de si mesmo.

Breves, os sorrisos breves,
dos corações eternamente frios
a quem morre sem conhecer emoções.

Breves, sempre tão breves,
os poemas que exaltam os poetas
a transcenderem os atos da Criação.

Tanto há

Há muito porque te amar.
E não só a suave porcelana de tua pele,
a elegância de teu porte majestoso,
a beleza sensual de teus lábios,
a sinuosidade de tuas curvas
e a seda que recobre os teus cabelos.
Muito mais existe para te amar.
Há a grandiosidade de tua inteligência,
a profundidade de teu saber,
a ternura de tua carícia
e a graciosidade com que tu desfila a modéstia
de quem se sabe além da ostentação.

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