Apenas eu

Não me apetecem poemas

As palavras perdem-se no vento

Rebolam na lama

Não me apetecem poemas que falem de flores e de sol

Quero verdades

 

Quero de volta os meus silêncios

Os vazios onde me perdia

As solidões onde me abandonava

 

Já disse não

Sentidamente

 

Irritam-me os falsos sabedores

Perturbam-me os deuses de barro tosco

Quero a cinza dos caminhos

As vielas pardacentas

Os rios lavados de mágoas

 

Quero ondas a desfazerem

Miragens sem desertos

Breve, tão breve!

BREVE, TÃO BREVE

Breves, as palavras breves,
dos dias sempre curtos
a quem sente contínuas exaltações.

Breves, os sonhos breves,
dos projetos sem planeamento
a quem passa com a cabeça nas nuvens.

Breves, os sentimentos breves,
dos frágeis olhares vítreos
a quem vive distante de si mesmo.

Breves, os sorrisos breves,
dos corações eternamente frios
a quem morre sem conhecer emoções.

Breves, sempre tão breves,
os poemas que exaltam os poetas
a transcenderem os atos da Criação.

Tanto há

Há muito porque te amar.
E não só a suave porcelana de tua pele,
a elegância de teu porte majestoso,
a beleza sensual de teus lábios,
a sinuosidade de tuas curvas
e a seda que recobre os teus cabelos.
Muito mais existe para te amar.
Há a grandiosidade de tua inteligência,
a profundidade de teu saber,
a ternura de tua carícia
e a graciosidade com que tu desfila a modéstia
de quem se sabe além da ostentação.

Simplesmente

Fui vivendo intensamente sem quebrar muito a rotina. Olhava os dias com a tranquilidade que eles iam impondo ou com a agitação que exigiam. O calor era sinónimo de felicidade espontânea, o frio de alegria motivada. Era necessário o equilíbrio para não se ficar em desvantagem nem no despropositado. Eu podia simplesmente olhar as coisas num sentido, numa só perspectiva, a minha...

Porquê?

Há alturas em que nos questionamos o porquê de tudo e mais alguma coisa, ao que por vezes não obtemos qualquer resposta. Choramos sem entender bem a razão e rimos até chorar. Ficamos no centro do mundo como se nem ali estivéssemos, apenas como observadores.

Passam e de alto a baixo encaram-nos olhares curiosos, tropeçando na nossa humilde transparência. Alguém pede desculpa, outros reclamam a nossa existência. Eu pertinente sobreponho-me e pergunto também:

O Namorador do Brasil

O Namorador do Brasil - (A saga de Eliseu Resende)

 

Quando eu andava pelo Brasil eu conheci amores mil

Me apaixonei em Cuiabá mas a moça só queria se fosse casar

Fui embora pra Goiás e lá é que eu não volto mais

Pois um fazendeiro de lá me expulsou

Dizendo não olhe mais pra minha filha pois você é muito namorador

Desolado como estava conheci uma capixaba que pro sudeste me levou

Chegando lá eu troquei por uma morena que veio lá de Salvador

Sai de lá num caminhão fretado fui conhecer o cristo redentor

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