SILÊNCIO

                                                      SILÊNCIO
 
 
ENCONTRARIA EU PAZ NO SILÊNCIO,
 
SE MEU SILÊNCIO MUDASSE O DESTINO DAS VIDAS?
 
NO SILÊNCIO PROCURO A PAZ,
 
E ENCONTRO.
 
MAS, NÃO POSSO CALAR MINHA VOZ !
 
FALO, GRITO, ESCREVO, CANTO...
 
MEU DIREITO COMEÇA...
 
ONDE O DE OUTRO TERMINA !
 

Dengosa

Dengosa

 

Ela foi derrotada por um inseto. Ele veio e a pegou de jeito pelas coxas, deu-lhe uma ferroada que ela viu estrelas. Ela reclamou a noite toda que estava ardendo, levou uma picada de um inseto que a deixou dengosa.

 

Agora vamos mudar de assunto. O parágrafo acima não quer dizer nada para quem não sabe ler.

 

Charles Silva

 

Homem Primitivo

Homens de aço aportam do futuro, escutei numa canção. Mas eis que o futuro é logo ali, naquela próxima esquina daqui a dez minutos. Certamente que não há homens de aço, talvez alguns cinzentos, outros coloridos, e entre eles os mórbidos. No futuro talvez os homens tenham alma de aço, corações de pedra e orgulho de ouro. Seja como for, só espero que seja melhor que o homem primitivo de hoje.

 

Charles Silva

DESPEDINDO-SE

Alma minha gentil, que te partiste
E n`outro mundo foste estar com Deus,
Escuta, ao menos, meu soturno adeus
Que neste peito em ecoar persiste.

Tu, que teu voo d`anjo levantaste
Tão cedo desta vida, descontente
És-me agora a alegria sempre ausente,
Que em nossas noites d`amor invocaste.

E aqui te desejo em minh`acre vida,
O que não tiveste quando viveste:
Repousa lá no céu eternamente,
Alma minha gentil, minha querida!

Sonho e Sono

Sonho e Sono

 

Essa manhã acordo apático, quase antipático, somente o meu espelho me faz crer que eu já acordei. Se bem que eu poderia estar sonhando que estava acordado, agora não sei mais, se sonho ou se acordo. Acho que vou dormir.

 

Charles Silva

Tormentas

Tormentas

Clonei-me de ciclones e vagas oceânicas
e a minha alma foi navio sem comandante
nas tormentas de um temporal sem fim…

Depois veio o tempo da jusante,
e tudo ficou desfeito em espuma
e os meus densos medos dessa bruma
são ermos fantasmas que rasgo de mim.

(Rui Tojeira)

Quando me lançaste do teu peito

O amor que nos envolveu foi mais intenso
que as profundezas das luas infinitas,
divagando pelos tempos que se elevaram acima do deslumbramento.
Estrelas douradas enlaçavam-nos em encantos febris.
Quando me lançaste do teu peito,
sonhava que morria, tanta dor descia ao meu espirito num aperto azul profundo,
tão mortífero como uma espada afiada.
Quando me lançaste do teu peito,
numa brisa agradável a tua lembrança foi rasgada .
Assola-me agora a tristeza do céu-aberto,
onde a luz se passeia em mim como um quadro lapidado

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