Sarar

A João Bosco da Silva

Há quem escreva para abrir feridas

as feridas que todos temos, que fazemos muitas vezes sem notar

Como se se olhassem ao espelho e contassem as nódoas negras e os arranhões ao fim de um dia de trabalho

Da nódoa negra e das feridas fazem poesia

que é sempre sentida mais bela quando dramática e pesada  de dor

Sangram para a fazer nascer

 

Eu escrevo para me sarar

Para limpar as feridas

Sépia

Meus pés caminham por ruas de Lisboa

onde meus olhos se perdem a olhar

outros momentos vividos neste lugar

Virados para o interior da minha memória

observam imagens que o hálito do meu coração 

quente e húmido embaciou beijando-as vezes sem conta

tornando-as cor de sépia

 

Não foi aqui que te conheci

Mas foi aqui que aprendi a amar-te

De mãos enlaçadas percorremos ruas e ruas deixando um rasto de carinho no ar

O nosso primeiro beijo foi selado aqui

num jardim que o meu espirito deseja visitar

Pages