Sarar

A João Bosco da Silva

Há quem escreva para abrir feridas

as feridas que todos temos, que fazemos muitas vezes sem notar

Como se se olhassem ao espelho e contassem as nódoas negras e os arranhões ao fim de um dia de trabalho

Da nódoa negra e das feridas fazem poesia

que é sempre sentida mais bela quando dramática e pesada  de dor

Sangram para a fazer nascer

 

Eu escrevo para me sarar

Para limpar as feridas

Sépia

Meus pés caminham por ruas de Lisboa

onde meus olhos se perdem a olhar

outros momentos vividos neste lugar

Virados para o interior da minha memória

observam imagens que o hálito do meu coração 

quente e húmido embaciou beijando-as vezes sem conta

tornando-as cor de sépia

 

Não foi aqui que te conheci

Mas foi aqui que aprendi a amar-te

De mãos enlaçadas percorremos ruas e ruas deixando um rasto de carinho no ar

O nosso primeiro beijo foi selado aqui

num jardim que o meu espirito deseja visitar

Era apenas uma árvore

Era apenas uma árvore

Era apenas uma árvore parada na calçada, com sua raiz afinada e quebrantada...

Era apenas uma árvore com seus galhos quase secos e aparência já cansada, porém firme frente à estrada...

Era apenas uma árvore que o tempo maltratara e o homem não cuidara e hoje chora na calçada...

Era apenas uma árvore que os pássaros abrigavam e da sua sombra desfrutavam...

Era apenas uma árvore que como eu e você, ela só queria existir, viver e aprender ser somente ser...

Antigo Bilhete

Antigo Bilhete

 

Anotei coisas num bilhete, encontrei-o anos depois arrumando coisas em casa. Uma parte do passado anotado com caneta BIC num antigo bilhete revelava paixões puras, paixões sem dor. Falava de Emilia, a moça que me deu um beijo e me paralisou, pois era o meu primeiro beijo de amor. Os lindos olhos de Emilia que não sei pra onde o tempo levou, mas o meu carinho por ela resistiu ao tempo, pois ficou registrado num antigo bilhete de amor.

 

Charles Silva

 

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