Súplica

Deram-nos todas àquelas horas fora dos tempos,
Deram-nos a flor perdida por anos atrás

Anjos tortos jogam gosto para dentro de bocas
Bem no momento que o sangue seca,
Bem na época tonta do corpo sem carne.

O amanhecer não pensa o dia
Nem culpa a noite.

Viram o ereto meio dia excitado
Na comunhão transparente do espírito vestido

Estrelas eram pedras de luzes amarelas
Feitas fontes a despejar águas simples
Pelos cursos das memórias lápides desenterradas.
Todos assobiaram aconchegos nas bocas belas das almas.

Voos

Já não me basta o voo sonhado. É preciso que eu encontre asas
e fuja desse labirinto, onde as almas penadas de mulheres violadas
fizeram suas moradas.
São Paulo é muito grande, mas disse o Poeta, que maior é o Mundo.
Na outra esquina vejo a porta de saída, porém, hesito em cruzar a avenida. Paralisa-me o medo dos covardes
que trocam a liberdade pela insossa vagina de toda tarde.
E seria tão fácil... tão bom despir-me da utopia.
Maldigo Schopenhauer e esse "tanto querer".
Maldigo esse "querer viver". Essa insistência em ser.

A VOLTA DE ASA BRANCA-Alvaro Sertano

A VOLTA DE ASA BRANCA!

Volta Asa Branca!
Se foram a mágoa e o acauã.
Escuta aboios e chocalhos espalhados,
neste sertão engalanado.
Cantam pássaros e cachoeiras...
Transbordam lágrimas e riachos...
Árvores de braços verdes
para o abraço amado, do retorno.
Há tanta paz e renascer!
Tanta fertilidade!
Caminhos verdes,
e boninas espalhadas
para o arregalo dos teus olhos.
Volta...
Se foram a mágoa e o acauã

Alvaro Sertano,

A RUA DO PASSADO-Alvaro Sertano

A RUA DO PASSADO!

Ontem passei pela rua
onde antes para nós,
víamos a lua
o sussurro de sua voz,
parecendo não ser tua.

Há muito que nos vimos
e eu não resistir
a falta dos teus carinhos
começando a sentir
saudades da rua do passado.

Aquela rua,
retrato, lembrança
não só tua, nossa
de ensejo e paixão
inda me lembro,com ternura.

Alvaro Sertano,1982

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