Do autêntico e do perfeito
O perfeito é sempre o mais natural, o não misturado, o não mexido.
O imperfeito é o que busca chegar ao seu estado natural, ao seu real.
Pessoas lindas são sempre simples na beleza autêntica de sua simplicidade.
Autenticidade é uma qualidade daquilo que é perfeito.
Charles Silva
Quantos cremes te iludem?
Quanto rímel viaja na tua lágrima cansada?
Que batom ainda fala tua fantasia?
Que sombra, pensas,
oculta-te do Tempo?
E pensar que tua beleza
já deu casa, fama e cama
aos que hoje te evitam.
É tão triste te ver
mulher maquiada.
Como eu,
viveste por nada.
Confuso?
Fácil mesmo é confundir, do improvável ao imperfeito, nada é retro-ativo, nem segue normas independentes. Planejar iludir as mentes já confusas pela balbúrdia sócio-educativa, expele sutilmente razões de sobra para incautas mentes, desarmonizadas pela insegurança implacável e normatizadas de só ler textos simplistas. Aproveito e confundo com verbos desarranjados pela construção de que foge a normativas indeléveis de quem só sabe ler ou entender o que está absolutamente óbvio.
Charles Silva
Crise de Abstinência
Estou gelado, estou com frio, minha visão escureceu
Não vejo nada além de sombras que mudam de lugar constantemente
Parece que mergulhei num estado de letargia temporário
Mal consigo enxergar meu teclado, e as mãos tremem
Essas toxinas são muito fortes, e por isso hei de me livrar delas
Depois de cinco dias sem fumar um cigarro, acendi um, deu dois tragos e joguei fora
Charles Silva
Alice
Doze anos depois voltei ao cemitério onde foi sepultada minha genitora. Estava na Cidade a passeio, então resolvi ir fazer uma visita. Ao entrar, não achei o local exato do sepulcro, fiquei andando em círculos a procura. Assim que entrei, vi uma garotinha, talvez 9 ou 10 anos de pé, cabeça baixa olhando para um túmulo, como se estivesse rezando. Quando passei bem perto dela senti um arrepio em toda minha coluna. Não dei importância e segui a procura do lugar onde estava o túmulo da minha genitora.
DUPLIX
Som adormecido no passado // o sino da locomotiva, tantos brilhos
Desperta acordes eternizados // quando me leva pro seu lado
Ecos do coração enamorado // rodas, dormentes sob os trilhos.
Lourdes Ramos // Marco Bastos
A primeira vista
Vieste de olhos serrados, entreabertos, focados em mim
Me encontras-te sem medos nem vestes, só as que me podiam cobrir
Achaste-me sentado na rua, pensando, preenchendo as lacunas que havia em mim
Estendendo-me uma mão, talvez sem razão ou sem a intenção de me tocar
Demente que fui, tentei fugir, mas meus pés não me deixaram ir, decidi ficar
Lutando contra mim, te olhei, me deixei sentir, me deixei apaixonar
Charles Silva
S
Ausência muito sentida
U
Dói se não for curada
A
D
Expectativa que não se cansa de ser...
(Lourdes Ramos)
Espelho //espaço oco // outra dimensão
S
P
E
L
H
Olho vidrado// polido // em reflexão
(Lourdes Ramos)
Se és o deus das metáforas
E também das reticências...
Eu me contenho “entre aspas”
(Lourdes Ramos)
