Um poema para África

Um poema para África

Vou fazer um poema para África
Um poema repleto de fome
Gorda de miséria que nos seca !
Poema de gente quase sem nome !

Um poema que canta Somália !
E que traga minha infância anêmica
Vou fazer um poema com voz de penúria
Que mostre a rica pobreza angolana

Um ode cantado no megafone
Da zungueira que co'voz mostra a nudez de cá
Poema de egoísmo que concebe clone

Que dolorosamente geme sangue
No âmago das minhas lágrimas
Um poema sem voz bilingüe...

Sinfonia (Cristal)

Amanhece o despertar do horizonte. Por mais de quatro vezes insulto os acordes.

                                        - Vá, vá! – e lanço minhas entranhas entre o hiato das vestes.

O arco celeste toca os arranjos prosaicos de todas as manhãs;

                                      Ah, a breve proeza jocosa das mentes sãs.

 

Acima do bem e do mal –

                      Cristal, cristal!

A sinfonia resiste

Indeléveis momentos

Indeléveis momentos

Naufrague nos meus peitos,
Tartamudeia o teu olhar,
Na concuscência do teu beijar;
Dar-te-ei indeléveis momentos

Beba dos meus lábios o adejar,
Transpire os teus sentimentos,
Nestes meus poros sedentos;
Te perca em mim sem te achar...

Sinta meus dedos viajar
Nos teus segredos nus
Que por muito venho farejar

Morra de querer-me como Vênus,
Entregue o teu sexo e venha ondejar;
Cada instante co'lótus, compus...

António Vicente Aposiopese

Suaves desejos

Ah! Se eu pudesse passear na floresta dos teus desejos
Por entre as folhas caídas das árvores de teu sonho
Percorrendo a tua pele quente e macia como caminho
E respirando o ar puro e fresco dos teus beijos!

Ah! Como eu queria saborear teus lábios de rubra cor
E sentir a deleitosa fragrância da tua pele de limão
Pois teus beijos são mais deliciosos que licor
E o teu doce perfume, quero eu ter na minha mão!

Desejos secretos

Ah! Que bom seria ouvir o teu suspiro
Deitada sobre uma rede de pesca
Desenhar teu belo rosto num papiro
E respirar beijos teus como aragem fresca!

Encontrar em teu coração tesouros escondidos
Explorar teus labirintos secretos de prazer
Caminhar em teu olhar por bosques perdidos
E nele adormecer sem ter nada que fazer!

Sorver teu néctar quente como leite
Deliciando-me em teus lábios de diospiro
Quando em minha cama repouso, à noite!

VIRTUDES

VIRTUDES

Eu tenho poucos medos
E os segredos suficientes
Alguns desejos ardentes
E muitos enganos ledos

Não tenho queixas, eu as invento
Não temo a solidão, só me defendo
No espelho da ilusão me pego vendo
Todas as razões para o acalento

Eu tenho tolos e belos erros
E os silêncios gritados
Alguns prazeres citados
Nos insaciáveis versos que escrevo

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