RENASCIDO DAS CINZAS

Contos os dias que passei
Afogado em sofrimento
Minha dor, esse tormento
De forma subtil superei

Escondido na solidão
Chorei,
Lágrimas derramaram sobre mim
Pensei na morte
Vi-me dentro do caixão
Perdi tudo, pensei no meu fim
Agora,
Que minha dor saciaste
Rejúbilo de alegria
Não me sinto mais um traste
Vivo, sinto e vejo a luz do dia

Metade

Não sei que acaso,
ou que anjo raso,
deu-me o sonho que te contarei:
Foi na época em que viajei
e que entre misérias cinzas
e toscas marimbas
vi a mulher que me fez ficar quieto,
na meia distância de longe e de perto
e com a certeza do todo incerto.

Tão cansado de tudo
queria ficar mudo,
mas a paixão chegou
após uma seca de dois anos
e de mais de duzentos planos.
E a amei esperançoso
de que nela estaria o gozo
de uma nova vida nova.

OUÇO O TEU CANTAR

(Fragmentos de um Dueto)

A saudade que ora sinto
Parece que aumenta
É um jogo de ir e vir
E Ilumina a nossa aura
E o coração esquente
Como ao tomar vinho tinto

No íntimo do amor sentido
Há escondido um anseio
Perscrutando cada emoção
De um sonho que foi vivido
E que agora é devaneio
No fundo do coração

É um sonho idealizado
Quando ao mirar o mar
Com olhar maravilhado
Certeza de voltar a amar

De Branco Pintadas as Paredes São

De branco pintadas as paredes são.
Monotonamente.
Mente monótona esta minha mente.

O relógio devora as horas
que passam quadradas pelo futuro.
E, branco, ladro e mio
e vida e morte invadem
o meu pensamento catarino.

Vi uma catedral sem cúpula sobre a sua nave
pintada na retina do meu olhar ciclópico,
à sombra do sol de meio-dia que tranluz
o som metálico do tempo parado.

PALAVRAS

Com as letras do abecedário
Construímos palavras sentidas,
Formamos frases e textos,
Que por outros vão ser lidas.
 
Podem ser doces e apaixonadas,
Podem ser rudes e agressivas,
Podem ser curtas e tristes,
Podem ser longas e divertidas.
 
Circulam em cartas e livros,
Gravam-se nas vidas no tempo,
Contam histórias, narram factos,
São os olhos dum mundo atento.
 

Deixarei... ** ( Fase: Silêncio)

 

Esquecerei das palavras

O gosto do voar sem asas

O viver para não enlouquecer

E o enlouquecer para viver.

 

Deixarei as palavras

Deixarei o cantar sem asas

Deixarei a melodia entoada

Deixarei a minha alma ressecada

 

Deixarei as linhas torpes

Deixarei o sufocar destes

Deixarei o equilíbrio existente

Deixarei minha lucidez inconsciente.

 

Deixarei meu viver...

Esquecerei meu ser...

Quando deixar de escrever!

 

F.G.

 

 

Decifra-me ou devora-me....

Decifra-me Fonte,
ensina-me a diluir-me nesta onda 
onde a força cósmica
  permite imaginar tudo que  sou.

Decifra-me ou devora-me,
conduz-me e lança-me neste abismo sem fim,
gozo continuo  sem respostas.

Cativa-me,
torna-me completamente enlouquecida,
 incompreendida por aqueles que não sabem voar,
 não sabem amar, não se permitem sentir.

Faz-me ser assim, 
completamente sem projetos, 
sem tormentos,
sem solução.

Uma incógnita, 
 louca, lançada no mundo

Palavras que se me emperram.

‘Palavras que se me emperram’

Eu queria em mim sorver,
no rumor dos meus silêncios
no fio manso da corrente...
_A leveza de escrever.

Dedilhar os sentimentos
que me enchem os instantes
e me escorrem alma adentro
frementes de inquietação.

Consagrando de prazer
os momentos delirantes
a transbordar de emoção
que vão no meu pensamento.

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