“Terra”

 

 

 

Terra nos olhos, da boca chega-me aos ouvidos;

Terra nos pés, das pernas ao coração…

Só não tenho a ti, ò amada dos meus sentidos;

Tão presos a mim, em correntes de solidão…

 

Terra! Terra mastigada até ao meu peito,

Como se fosses o horizonte de todas as angustias;

Espelho vermelho

Espelho Vermelho

 

Porque deter a hemorragia, a alma sangra, mas é interno. Nem um espelho reflete o coração quando sangra, apenas evito olhar-me nos olhos frente ao espelho. Eles deletam-me, eles desnudam a alma e mostram as suturas mal feitas internas. A hemorragia esvai-se pulsante, curativos não vão estancar o corte profundo. A dor de ver-me assim, sangrando por dentro, sem reflexos no espelho, que embora não refrate a dor, está vermelho, porque refletem apenas olhos vermelhos.

 

Charles Silva

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