A Saudade e o Tempo
Autor: Débora Benvenuti on Thursday, 23 May 2013
MEU MENINO PASSARINHO
Meu menino passarinho
Bateu asas e voou...
Foi em busca de outro ninho
Com saudades me deixou
Ensinei-o a sorrir
Ensinei-o a sonhar
Ensinei-o a voar
Então, ele quis partir
Já devia estar na hora
De sair da minha asa
De voar, tomar seu rumo
Dar adeus e ir embora
Sei que esta torre em que me adentro
é um poço escavado céu acima
para ver o futuro por dentro.
Por ele voo de garganta seca
numa fímbria de sol
enquanto é dia
Mas o que melhor sei
é que tudo o que me sobra é asa negra
que vem de noite, furtivamente,
AMOR OU AMIZADE?
Se pudesse colocar os dois gêneros eu colocaria!
Poque eles estão presente no dia - dia.
Ah! Só de lembrar de você, sinto forças pra vencer!
Sabe? Você me ajudou a levantar!
Estava de cabeça baixa, só a lamentar!
Mas você com o seu jeito carinhoso, pode me acalmar!
Mesmo que não tenho você em meus braços...
Sinto alegria em tudo que faço!
É amor ou amizade?
Sexo é animal, não foi possível ainda neste casal!
O agora não é mais nada,
foi tudo que foi para ser,
contudo, se põe de cada,
tudo que se pode ter.
O agora só pode ser
o tudo que vem do nada,
outrora se pôde ter,
o que é inteiro, em cada.
Metade do que se queira ter,
é tudo em frente do nada,
só o inteiro pode ser
a luta de cada em cada.
5.
LISBOA PORTUGUESA
Lisboa
envelheceste. não há como negar: as palavras decompõem-te
como se fossem vermes a sugarem-te o sangue, o que esperavas?
a ciência não te reserva milagres.
Lisboa
cercada pela noite atlântica, por crianças ruidosas e felizes,
que ainda acreditam em ninfas e caravelas
e em Lusíadas, crianças ruidosamente empenhados no futuro.
Lisboa
cosmopolita do Minho ao Algarve,
das artérias populares e dos roteiros turísticos,
dos carros que adormecem e rodopiam e desacreditam a cidade,
Hoje não me esperes que volto tarde.
Vou sair e só voltarei quando o coração assim o disser!
No voo sórdido
de borboletas aporrinhadas.