Lisboa, portuguesa

5.
LISBOA PORTUGUESA
Lisboa
envelheceste. não há como negar: as palavras decompõem-te
como se fossem vermes a sugarem-te o sangue, o que esperavas?
a ciência não te reserva milagres.
Lisboa
cercada pela noite atlântica, por crianças ruidosas e felizes,
que ainda acreditam em ninfas e caravelas
e em Lusíadas, crianças ruidosamente empenhados no futuro.
Lisboa
cosmopolita do Minho ao Algarve,
das artérias populares e dos roteiros turísticos,
dos carros que adormecem e rodopiam e desacreditam a cidade,

Você

Você é o engulho que me dá

quando passo pelo mar.

Você é o engasgar que me acomete

quando como apressado.

Você é o tropeção que me surpreende

quando ando sem cuidado.

Você é a topada no pé que me dói

quando esqueço de olhar para baixo.

Você é a mosca na sopa que cai

quando estou a saboreá-la.

 

Você é a quimera das dores

que se esgarça

por entre as minhas pernas

no meu pênis.

Você é o meu chafurdar na lama

de porcos doentes no quintal.

 

Você é a fábula  de nomes

Pages