Qual é a sua
Autor: Leandro Yossef on Friday, 10 May 2013
Qual é a sua
Não te entendo muito bem
Um dia tu me amas no outro me odeias
Um dia sorri e no outro não estas nem aí para mim
Um dia amores no outro, horrores.
Não entendo minha querida por que eu me apaixonei
Talvez tenha sido teu jeitinho de burguesa que me atraiu
Preferia, porém, não tê-la conhecido,
Pois perto de você fico eu desguarnecido.
Queria saber o que passa em tua mente
Às vezes pequenas parolas terminam em grandes verberações
Palhaços
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Qual é a face humana que realmente se mostra?
Aquela que se escancara em um fingido sorriso?
Ou aquela outra que se enruga em profundo ciso?
Qual merece crédito quando na face se prostra?
Sim, porque se escondemos a nossa dor nas risadas
Apenas para que de nossa dor ninguém mais saiba
Também escondemos a alegria para que não caiba
O escárnio e a indiferença de canalhas disfarçadas.
Ri coração, escarnece de ti mesmo, triste palhaço
E tira, inda que seja à força, de sua fria mônada
Livro
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013A vida me pôs nas mãos um lindo e delicado livro. Lhe faço
Um carinho. Deslizo minhas mãos maciamente por seu dorso
Malicioso, preparo-me para fazer uma viagem, um lindo corso
Por cada página, cada palavra sua, por cada linha, cada traço.
Lúdica e ansiosamente, confesso, abro-o. E o que mais espero
É que cada uma e todas as palavras de suas alvíssimas folhas
Tragam contidas dentro de si – quais coloridas lindas bolhas
As mensagens de paz e de amor que tanto desejo, tanto quero.
Impossível
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Nasceu assim. De repente. Nem sei quando
Se foi quando você falou, ou apenas sorriu
E repentinamente toda minha segurança ruiu
E eu me vi como estou agora, só lhe amando.
E agora, todo dia me vejo assim, impaciente
Prá lhe ver, sentir seu cheiro, ouvir sua voz
Prá guardar você na memória e depois, a sós
Medicar essa paixão, me sentir menos doente.
Mas (existe sempre um mas) depois eu penso:
Para viver essa paixão, ignoro todo bom senso
Ou continuo amargando essa solidão terrível?
Ponto G
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Sabe o que eu queria mesmo? Seu corpo mapeado
Para que todos os caminhos que eu nele seguisse
Levassem você a sentir tudo, tudo que eu sentisse
Por muito mais de um milhão de vezes multiplicado.
Sabe o que eu queria mesmo? Encontrar o ponto
Exato para o toque do prazer máximo, da loucura
Mas são tantos os pontos seus que, nesta procura
Você me põe primeiro exangue, perdido e tonto.
Por isso, lhe falo baixinho obscenidades ao ouvido
Ou mordisco seus lábios, ou beijo seu peito túrgido
Esqueletos de Sonhos
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Sonhos? Eu sonho. Tu sonhas. Mas, de que serão feitos
Os sonhos? Será de alguma vontade inda não realizada?
De alguma ânsia que se queda frágil, não materializada
Fazendo de corações e almas pares tristes, insatisfeitos?
Ah, os sonhos. Elocubrações que a mente humana gera
E que, pari passu, seguem lado a lado com a nossa vida
E quando não realizados, são como uma dolorosa ferida
Que torna a nossa vida tão inócua, tão insalubre,tão mera.
Apesar de não existirem, de cinza, ficam por aí os sonhos
Mandinga
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Oxossì, Obalúaye, Òsúmàré, Ogum e Iansã
Me respondam, por favor, urgentemente:
De onde vem isso que já me faz dormente
Como quem está refém de uma febre tersã?
Dei agora para ouvir atabaques e tambores
Mesmo quando eu e minha’lma estamos sós
E nesta nativa sinfonia há o grave de uma voz
Cantando a força de mil esquecidos amores.
E agora deuses, o que faço: abro minhas velas
E viajo nas tintas da paixão destas aquarelas
Águas
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Lembro que, maliciosamente, brinquei com teus pelos
E percorri com a ponta dos meus dedos tão maliciosos
Cada curva de cada pequeno seio teu – dons preciosos
Túrgidas e belas testemunhas da fome dos teus apelos.
Comi tua nudez. Amei cada um dos teus belos detalhes
E me adonei gostosamente de todas as tuas lindas vias.
Te vi chovendo. Borrasca de paixão, tu toda escorrias,
E qual rara peça esculpida, me expunhas teus entalhes.
E na tua boca sequiosa – desejo – eu me fiz teu alimento
Agonia
Autor: ADEMIR LEÃO on Friday, 10 May 2013Agonia
Faz tão pouco, mas tão pouco tempo que nos separamos
Que ainda sinto nas mãos o cheiro do prazer que te dei
Que ainda tenho na retina todos os detalhes que gravei
Deste teu corpo lindo que vi, desde que nos amamos.
Foi ainda há pouco. Tanto que ainda trago na boca o sal
Que bebi de cada gota de suor que perolava em teu rosto
E sinto ainda um certo gosto que não conhecia – o gosto
Do vinho do amor apanhado da mais fina taça de cristal.
E tem sido assim o tempo pra mim: às vezes feliz demais