Para Celebrar a Vida

 

Para celebrar a vida

Não precisa de bolo, vela e parabéns

-Se bem que ainda tem muitos loucos

Que teimam em vir a esse mundo

Todos os dias;

Mas o que é a loucura senão

O sereno auge da ingenuidade?

 

Para celebrar a vida

Abra um sorriso

Como se descortinasse o sol,

Festeje os amigos,

Ame,

Se apaixone, até!

-Se puder, apenas ame!

Paixão também é loucura,

Um temporal que estraga tudo

E vai embora...

 

Mas o céu torna a azular-se

ESTA CHUVA

 

Esta chuva, que me molha o rosto
Esta água de ontem,

Que hoje retorna de tantas origens
De um rio longínquo,

Bebido pelo ar a caminho do mar
De um corpo suado por um sol ardente

De um trabalho mal pago
De um charco que a terra abrigou,

Que se evaporou e em chuva voltou
De lágrimas de dor,

De alegria, de raiva, de riso,

De olhos cansados.
De tantas origens me chega esta chuva,

QUERO SER

 

Quero ser o teu caminho

E amar-te

No sublime altar

Da minha alma

Percorrer as planícies

Do teu corpo

Adormecer em ti

Com doce calma.

 

Quero viajar

Nos teus caminhos

Que percorres só

Atormentada

Quero ser o rio

Onde tu lavas

As feridas que em ti sangram…

Minha amada.

 

Quero ser o mar

Onde navegues

Em águas calmas

E serenas

Quero ser o porto

Onde te abrigues

Quero ser a liberdade…

Para as tuas penas.

Ombros de verão

Fala para mim do par que descortinava segredos
Na avaria de raciocínio com fragatas do uso de fundir-se,
Fala das profanidades coleadas pelas poesias montesinas
Liadas em cimalhas de ripas pisadas na agudeza mítica
De todas as boas juras nossas.

Em vão trincaste-me a mim e em vão trinquei-te a ti,
Decerto houve o emergir dum
No submergir doutro,
Decerto não!
Quem em dor do decepar viu sua cabeça primeiro?
O dizer fogo marroquim afigura a culpa?

Absolvição...

Absolvo-me de mim mesma,
das minhas dores e loucuras,
minhas tristezas,meus carmas
e insandecidas paixões.

Absolvo-me e reencontro-me,
tantas sou em uma alma só,
fragmentada,retalhada,
compactada a partir da queda,
dos fracassos, renúncias
e revelações.

Absolvo-me e recomeço,
inteira, alegre,  guerreira,
casulo rompido,trapos abandonados
 esquecidos no pacote de lembranças
saudades e  sonhos desfeitos,
amores e projetos perdidos,
interrompidos, a vida é tão linda,

PROTUBERÂNCIA

Meu Deus, que grande barriga!

Eu vejo ali no espelho,

Eu tento cobrir com a camisa,

Mas, já chega quase ao joelho.

 

E eu que era um atleta,

Fininho, cheio de elegância,

Agora, estou com uma pança,

Que muito me desconserta.

 

Não sei se é culpa da cerveja,

Sedentarismo, comida ou pela idade,

Só sei que tenho muita saudade,

Da minha antiga silhueta.

 

E eu vejo vários barrigudos,

Passando, sorrindo, bem tranquilos,

Desfilando seus cento e tantos quilos,

LEI NADA LEGAL

A Lei de Murphy faz estabelecer,

Um vaticínio bem desgraçado:

"Se houver a menor chance de acontecer,

Com certeza, vai dar tudo errado".

 

E, comigo funciona mesmo assim,

Tudo é difícil, confuso, enrolado,

Um sufoco quase sem fim,

Que me deixa tenso e angustiado.

 

Nada me é fácil, tenho que sofrer,

E isto me traz uma ânsia danada,

Às vezes, me pego mesmo a dizer:

"Sou a Lei de Murphy personificada". 

BUSCA

Eu procuro em seu olhar

Um sinal,

Um brilho mais fugaz,

Não encontro.

 

Eu envio-lhe uma mensagem,

Você nem nota,

Desconsidera,

Alheia-se.

 

Eu me sinto magoado,

Tristonho,

Submisso.

 

Você não me percebe,

Nem me vê,

Isenta-se.

LOCALIZAÇÃO

Dizem que o amor mora no coração...

Nossa! Que errônea dedução!

O coração é apenas um músculo pulsante,

Não poderia guardar algo tão importante.

 

O amor é algo frágil, sublime e sagrado,

Precisa de um invólucro mais apropriado,

O coração é só um órgão que bombeia sangue,

Não sente nada, não fantasia, é estanque.

 

O amor precisa de ilusão, ternura, admiração,

Uma moradia de sensibilidade e muita emoção,

Onde seria, então, o reduto imaculado do amor?

Acho que só no cérebro, meu estupefato senhor.

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